Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Amaral, Gabriela Gonçalves |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-26082024-133302/
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Resumo: |
Introdução: A cadeia de frio compreende todo o trajeto que os imunobiológicos percorrem desde sua fabricação até o momento de serem administrados no usuário, necessitando de armazenamento, transporte e manuseio efetivo para mantê-los na temperatura recomendada. Tal cuidado torna-se imprescindível para evitar alterações na composição, efetividade e potência destes produtos e, consequentemente, garantir suas imunogenicidades. Objetivo: Avaliar a cadeia de frio de imunobiológicos nas salas de imunização inseridas nas unidades de Atenção Primária à Saúde brasileiras (UAPS) brasileiras. Metodologia: Trata-se de um estudo de método misto com delineamento explanatório sequencial (QUAN → qual), desenvolvido nas salas de imunização das UAPS de municípios das distintas regiões do Brasil: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, entre 2021 e 2022. Para representatividade da realidade da cadeia de frio, estados, municípios e salas de imunização participantes foram selecionados por amostragem probabilística. Na etapa quantitativa, desenvolveu-se um estudo transversal analítico, com a aplicação, via ligação telefônica ou aplicativo de comunicação, de um questionário sociodemográfico e da Escala de Avaliação da Conservação de Imunobiológicos (EACI), aos profissionais da equipe de enfermagem atuantes nas salas de imunização. Dados e indicadores sociodemográficos dos municípios também foram coletados. Os dados foram processados e analisados por meio dos softwares Statistical Package for Social Sciences, versão 25.0 e R. Em relação aos escores da EACI obtidos pelas salas de imunização, utilizou-se a média para classificação dos municípios, estados, regiões e Brasil. Para a análise de associação, utilizou-se um modelo de regressão logística, ajustado para identificar quais variáveis aumentariam ou reduziriam a chance de manutenção da cadeia de frio nos municípios. Para a etapa qualitativa, desenvolveu-se um estudo descritivo-exploratório nas instâncias da cadeia de frio. Participaram os responsáveis técnicos em imunização das instâncias estaduais, regionais, municipais e profissionais de enfermagem. Utilizou-se entrevista individual com roteiro semiestruturado, no formato on-line, as quais foram analisadas mediante Análise de Conteúdo Temática. Os dados qualitativos e quantitativos foram combinados mediante conexão, com elaboração de joint-displays e formulação de metainferências. O estudo recebeu aprovação dos Comitês de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo; da Universidade Federal de São João del-Rei, e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Resultados: Foram avaliadas 280 salas de imunização distribuídas em 80 municípios. Parte estavam inseridas nas UAPS - ESF (n=127; 45,3%), da zona urbana (n=219; 78,3%). Grande parte das salas eram de uso exclusivo para as atividades de vacinação (n=223; 79,6%); faziam uso de caixas térmicas de poliuretano (n=218; 77,8%) e mantinham seus equipamentos de refrigeração distantes da incidência de luz solar ou de outras fontes de calor (n=206; 73,5%). Acerca da substituição das bobinas de gelo reutilizáveis quando vencidas ou danificadas, pouco mais da metade relatou sempre substituí-las (n=163; 58,2%). Menos da metade dos profissionais relatou sempre participar de capacitações em imunização (n=136; 48,5%). Em apenas 77 (27,6%) salas observou-se que sempre há a disponibilidade de baterias ou geradores; e em 74 (26,5%) a presença de outros instrumentos de medição de temperatura além do termômetro de momento, de máxima e de mínima. Mais da metade das salas estavam equipadas com câmaras refrigeradas (n=168; 60,0%) e detinham ambientes climatizados (n=189; 67,6%). Sempre ou quase sempre o transporte da instância municipal para as salas de imunização era realizado em carro climatizado ou com ar-condicionado ligado (n=230; 82,1%). A manutenção da cadeia de frio de imunobiológicos no Brasil foi classificada como inadequada, com pontuação média de nove pontos. As regiões Norte e Nordeste foram classificadas como inadequadas. Na região Sudeste destacou-se o estado do Rio de Janeiro como inadequado. Identificou-se que a cobertura da vacina DTPw-HB/Hib e a localidade urbana são fatores associados à conservação adequada de imunobiológicos nos municípios. A partir dos achados quantitativos, foram realizadas 42 entrevistas, emergindo três categorias temáticas: \"Brasilidades: desafios regionais na gestão da cadeia de frio\"; \"Estrutura das instâncias da cadeia de frio: realidades da pluralidade brasileira\"; e \"O processo da manutenção da cadeia de frio: cotidiano\". Evidenciou-se que a grande extensão territorial, variação climática, assim como a diversidade geográfica brasileira representam desafios logísticos para a cadeia de frio. Disparidades financeiras também foram apresentadas, as quais incidem na aquisição de insumos e serviços para a cadeia. Ademais, revelou-se entraves associados à estrutura das salas de imunização e a processos de trabalho que requerem readequações. Conclusões: A manutenção da cadeia de frio de imunobiológicos no Brasil foi avaliada como inadequada, predominantemente nos municípios das regiões Norte e Nordeste. Os fatores influenciadores nessa manutenção referem-se a fatores geográficos, como a grande expansão territorial e diversidades climáticas que interferem, principalmente, no transporte de vacinas; entraves na estrutura física; disparidades financeiras entre as regiões e questões de ordem gerencial no nível municipal, sendo predisponentes ao desempenho desta cadeia e, consequentemente, a sustentabilidade do Programa Nacional de Imunizações. |