Transplante de córnea no Brasil: progresso e dificuldades em 16 anos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Almeida, Hirlana Gomes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5149/tde-28092018-104410/
Resumo: Introdução: As doenças da córnea são responsáveis por cerca de 5% da cegueira reversível no mundo e o transplante de córnea (TC) é importante para o tratamento dessas enfermidades. A partir de fontes de dados oficiais e públicas, foram analisados o progresso e as dificuldades relacionados ao TC no Brasil nos últimos 16 anos, bem como desigualdades regionais, gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) e indicadores de qualidade dos bancos de tecido ocular (BTOs). Métodos: Estudo retrospectivo e analítico com dados sobre TCs e BTOs no Brasil, no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2016, divulgados pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Para verificação de existência de tendência, comparação de médias entre as regiões e verificação da diferença de médias, foram utilizados o teste de Cochran-Armitage, a Análise de Variância e as comparações múltiplas de Duncan, respectivamente. Em todos os testes foi utilizado um nível de significância de 5%. Resultados: No Brasil, houve aumento: de 2,4 vezes no número de TCs (de 6.193 - 35,2 pmp para 14.641 - 71,0 pmp - p < 0,001); de 50,7% na eficácia do atendimento à demanda populacional por TCs (de 35,3% para 53,2% - p < 0,001); de 27,8% no número de globos e córneas in situ doados (de 24.608 - 127,1 pmp para 31.450 - 152,6 pmp - p < 0,001); de 31,7% nas córneas preservadas (de 21.012 para 27.674); de 2,4 vezes no gasto financeiro total com TCs (de R$ 9.179.688 para R$ 22.060.973); e de 2,2 vezes no gasto unitário com TC (de R$ 716 para R$ 1.603). A fila de espera para TC reduziu em 45,4% (de 23.549 - 123,0 pmp para 12.865 - 62,4 pmp - p < 0,001). As duas principais causas para a não doação foram as contraindicações médicas (média de 42,5%) e a recusa familiar (média de 36,6%). As principais causas de descarte de córneas foram a sorologia positiva para hepatite B (média de 33%), validade tecidual (média de 30,9%) e qualidade imprópria do tecido (16,8%). A Eficácia na Preservação de Córnea (EPC), o Coeficiente de Descarte de Córnea (CDC) e a Eficácia no Fornecimento de Córnea para Transplante (ECT) foram em média 88%, 37% e 63% ao longo dos anos, respectivamente. Os melhores índices foram apresentados nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste e os piores no Norte e Nordeste. Conclusão: No Brasil, o pequeno número de doações e a grande taxa de descarte de córneas são as principais dificuldades ao adequado atendimento à demanda populacional por TCs. Contudo, o país aumentou a capacidade de transplantar córneas e reduziu as filas de espera em 16 anos