Por uma épistémè saramaguiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gonçalves Neto, Nefatalin
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-12082019-104350/
Resumo: Extremamente conhecida, a obra de José Saramago é comumente lida por certos vieses: às vezes em seu caráter social (quando não sociológico) que aproxima seus textos de uma perspectiva marxista, utópica ou empenhada, relegando suas qualidades literárias em segundo plano; outras em seu caráter imanentista, que avalia os processos de composição interna e/ou artifícios de que se vale o escritor, quando não seu caráter intertextual, intratextual ou em comparação a outros textos e escritores; por fim, há a tentativa de pensar sua obra como um conjunto gradual em construção, um sistema processual que apresenta a cada novo texto um elemento em crescimento, como se sua escrita fosse evolutiva. Filiados a uma corrente teórica literária que busca pensar a produção escrita, nosso intuito é a de pensar a obra de Saramago dando valor a seus elementos intrínsecos, sem nos esquecermos de suas relações sociais, engajadas e (inter)textuais. A partir dessa problematização inicial, nos propomos a apresentar uma ideia do que seja literário em seu imbricamento social, mimético e ficcional para, a partir desse viés, avaliar a ligação da obra em análise com o social através do conceito de épistémè. A isso acresceremos uma leitura de como esses dois elementos se juntam ao mito para formar um todo coeso e significativo. A fim de delimitar o objeto da pesquisa, a parte central de nossas análises se divide em três seções: a primeira analisa Levantado do chão, em cujas linhas temos a mescla de uma configuração míticoliterária ao engajamento social marxista, a segunda aprecia O evangelho segundo Jesus Cristo, que pensa a releitura mítica da figura de Cristo em forma trágica e, por fim, a terceira seção analisa Caim, romance de linhas abertas a tal ponto que possibilita uma flutuação de leituras. Por meio das reflexões alcançadas, intentamos fornecer um solo concreto para a exploração de uma hipótese: que a literatura saramaguiana privilegia a produção de uma épistémè ficcional, elemento básico para compreensão de seu projeto enquanto fenômeno literário, social e, ainda, (inter)textual.