Efeito da dieta hiperlipídica sobre a responsividade de neurônios kisspeptidérgicos à leptina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Venancio, Jade Cabestre
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17134/tde-06012016-164539/
Resumo: O aumento da obesidade infantil tem sido correlacionado com a prevalência da puberdade precoce. Em animais pré-puberes verifica-se que a administração da dieta hiperlipídica induz a antecipação da puberdade. Estudos sugerem que a leptina pode influenciar o eixo reprodutivo por meio de sua ação em neurônios que expressam kisspeptina, no hipotálamo. Uma subpopulação de neurônios kisspeptidérgicos do núcleo arqueado coexpressa a dinorfina e neuroquinina B, que exercem uma ação autorreguladora sobre a secreção de kisspeptina. Considerando que a leptina, a kisspeptina, neuroquinina B e dinorfina são apontados como reguladores do início da puberdade e da função reprodutiva, este trabalho investigou como a dieta hiperlípidica (HFD) pode influenciar esses moduladores ao longo do início do desenvolvimento puberal e após a maturação sexual. Camundongos fêmeas Kiss1-hrGFP foram tratadas com a HFD ou dieta controle a partir do desmame e foram decapitadas aos 28, 32 e 63 dias (Diestro II) e o sangue coletado para dosagem plasmática de leptina, LH e estradiol. Um segundo grupo de fêmeas, tratadas com HFD ou dieta controle, receberam com 32 e 63 dias (Diestro I) uma injeção intraperitoneal de leptina (0,5 mg/kg) ou de veículo, 45 minutos após a injeção foram anestesiadas e submetidas à perfusão cerebral. Cortes hipotalâmicos foram utilizados para realização da técnica de imunoistoquímica para dupla marcação: Kiss1-p-STAT3/ p-STAT3-CART/ Kiss1-Dyn e Kiss1-NKB. Verificamos que a HFD administrada após o desmame, quando comparada à dieta controle, antecipou a abertura vaginal, o primeiro estro e o ínicio da ciclicidade em fêmeas Kiss1-hrGFP. Como indicativo de ativação do eixo reprodutivo neste grupo, foi observado aumento do peso do útero e ovário, aos 32 dias. Esses efeitos estiveram associados com: a) o aumento da concentração plasmática de leptina; b) aumento da ativação de p-STAT3 no núcleo arqueado (ARC) e c) aumento de p-STAT3 em neurônios Kiss1-hrGFP e em neurônios CART do ARC em resposta ao estímulo da leptina. A HFD não afetou a colocalização entre Kiss1-Dyn e Kiss1-NKB em fêmeas no início do desenvolvimento puberal. Em fêmeas Kiss1-hrGFP (63 dias) a administração da HFD por 6 semanas não alterou a regularidade do ciclo estral, houve elevação da leptina plasmática associada com diminuição da expressão da p-STAT3 no ARC em resposta ao estímulo com leptina, sem alterar a responsividade dos neurônios Kiss1-hrGFP a este hormônio. Em conclusão, 9 os resultados demonstram que a antecipação da puberdade induzida pela HFD está associada com o aumento da ação central da leptina, que ao estimular o sistema kisspeptidérgico, direta ou indiretamente, por meio de neurônios CART, pode aumentar o tônus excitatório sobre o eixo reprodutivo. A administração da HFD após o desmame (6 semanas) promoveu uma redução à resposta da leptina no ARC na vida adulta, porém não afetou a responsividade dos neurônios Kiss1-hrGFP a este hormônio e nem a regularidade do ciclo estral nas fêmeas Kiss1-hrGFP. Em conjunto, esses resultados indicam que as ações da leptina nesses neurônios foram preservadas, mesmo com a resistência parcial de suas ações no ARC. Estudos adicionais deverão ser realizados para se avaliar os efeitos a longo prazo da HFD sobre o eixo reprodutivo.