Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2004 |
Autor(a) principal: |
Souzas, Raquel |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-28082007-175532/
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Resumo: |
Introdução: No âmbito das discussões de gênero e raça, as desigualdades que marcam a condição da mulher, nem sempre, são contempladas, ao contrário, há uma série de discursos que visam a naturalizar diferenças, forjadas historicamente. Nesse sentido, indagar sobre o significado dessas diferenças, no âmbito da saúde reprodutiva, apresenta-se como problema de investigação. Nesse campo, decisões e arranjos reprodutivos dos indivíduos partem ou resultam em processos de negociação, não só condicionados pela realidade partilhada entre os mesmos, como pelas ações que são modeladas, segundo valores e normas sociais. Estes se caracterizam por um certo dinamismo e possibilidade de transformação e resignificação. Hipótese e objetivo: Partindo da hipótese básica de que, ao lado da reconhecida transversalidade de gênero, amplamente divulgada na literatura especializada, raça/etnia apresenta-se, igualmente, como tal, nas questões reprodutivas, no presente trabalho propõe-se, como objetivo central, analisar a questão da transversalidade de gênero e de raça, buscando reter de que forma tais transversalidades se apresentam no tratamento de problemas inerentes à área da Saúde Reprodutiva como, por exemplo, da prevenção da gravidez e das DSTs/Aids e como as condições de vida a elas se relacionam. Procedimento Metodológico Pesquisa qualitativa, que utilizou a técnica de história oral- temática. Foram entrevistadas 36 mulheres, 18 negras e 18 brancas, em três segmentos de escolaridade. Foram utilizados um roteiro temático, com questões abertas sobre saúde reprodutiva, gênero, raça, sexualidade e um formulário semi-estruturado, com questões sócio-demográficas e história reprodutiva. Complementarmente, foi realizada uma pesquisa documental, de estudos e documentos significativos para o movimento de mulheres negras, do ponto de vista político, assim como sobre a problemáticada relação racial e saúde, em uma perspectiva sócio-política. Discussão dos resultados: A concepção de liberdade das mulheres negras, de escolaridade superior, grau em que se pressupõe maior autonomia, é mais restrita à vida privada, em razão do racismo que enfrentam na vida pública. Já as mulheres brancas apresentam uma concepção mais ampliada, que inclui a conquista de novos espaços, no âmbito da vida pública. A concepção de casamento para mulheres negras e brancas funda-se em uma concepção de monogamia absoluta, razão pela qual excluem o uso da camisinha. Neste caso, a questão de gênero predomina em relação à raça. Entretanto, a conjugalidade, no sentido moderno do termo, no qual a igualdade de gênero e as negociações são características, apresenta-se como uma construção recente na história de vida de mulheres negras, revelando-se como um campo onde, só recentemente, estas conquistaram espaço. Com relação aos métodos contraceptivos, é possível apontar, a partir de uma caracterização dos sujeitos da pesquisa, que as mulheres negras entrevistadas, nas escolaridades média e fundamental, seguem, quando cotejadas com a literatura especializada, um padrão de uso massificado de métodos contraceptivos, ou seja, referem mais o uso da laqueadura e da pilula, e, no nível superior, referem mais o uso da camisinha. Por outro lado, as mulheres brancas entrevistadas fazem uso diversificado de métodos em todas as escolaridades, destacando-se o que se caracteriza, na maioria dos casos, uma opção por método de controle masculino, como vasectomia e camisinha. Quando abordada a questão da negociação para a prevenção da gravidez e das DST/Aids, observa-se menor autonomia de mulheres negras, de escolaridade média e fundamental, em relação às mulheres brancas e negras, de escolaridade superior. Na medida em que não se observa diferença, nesse processo de negociação, entre mulheres negras e brancas, com escolaridade universitária, a investigação aponta, igualmente, para a questão da diferenciação social. Conclusão Diante dos resultados obtidos, a presente investigação aponta para a riqueza de pesquisas que contemplem as intersecções existentes entre gênero, raça e desigualdade social no contexto da saúde reprodutiva. |