Como os escorpiões lidam com a perda permanente de sua \"cauda\"?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Hernandez, Solimary Garcia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-30112020-123809/
Resumo: A perda voluntária de uma parte do corpo, conhecida como autotomia, pode aumentar a chance de sobreviver a uma tentativa de predação. Entretanto, esse mecanismo defensivo também impõe custos aos indivíduos. Embora a autotomia seja bastante estudada, seus custos para espécies que não regeneram a parte do corpo autotomizada são pouco conhecidos. Escorpiões do gênero Ananteris realizam uma forma única de autotomia, na qual os indivíduos perdem permanentemente os últimos segmentos abdominais, conhecidos como \"cauda\". Após a autotomia \"caudal\", os indivíduos perdem massa corporal, o ferrão e a última porção do trato digestivo, incluindo o ânus, o que evita a defecação e leva à constipação. Nesta tese, investigamos experimentalmente como a autotomia \"caudal\" afeta o desempenho locomotor, o sucesso da predação e o sucesso reprodutivo de machos e fêmeas do escorpião A. balzani. Descobrimos que a autotomia \"caudal\" tem efeitos mínimos de curto prazo para o desempenho locomotor em ambos os sexos. Em longo prazo, porém, a autotomia reduz o desempenho locomotor, principalmente dos machos. O sucesso da predação em ambos os sexos diminui após a autotomia e consequente perda do ferrão. No entanto, machos e fêmeas autotomizados ainda são capazes de capturar presas, especialmente as pequenas. A perda da \"cauda\" não afeta o sucesso reprodutivo dos machos, mas prejudica a reprodução nas fêmeas, reduzindo sua sobrevivência e número de filhotes. Apesar de indivíduos autotomizados pagarem custos em termos de locomoção e forrageamento, demonstramos que o longo tempo entre a perda da \"cauda\" e a morte é suficiente para que eles se reproduzam. Assim, a autotomia permanente da \"cauda\" em escorpiões parece ser adaptativa quando comparada à estratégia alternativa de não autotomizar e eventualmente morrer durante o ataque de um predador.