O momento marginalista: uma arqueologia do pensamento econômico do século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Sampaio, Pedro Ivan Moreira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-09092019-170900/
Resumo: Esta dissertação de mestrado tem como objetivo apontar alguns indícios de uma transformação epistêmica a partir dos escritos de três economistas marginalistas: Menger, Jevons e Walras. Trata-se de um estudo dos discursos do saber econômico do final do século XIX, orientado por um uso do pensamento de Michel Foucault. O texto foi dividido em um capítulo de introdução, três de desenvolvimento e um capítulo de considerações finais. A introdução deste estudo dedicou-se à apresentação de um quadro geral da Economia Política da primeira metade do século XIX. A partir do pensamento de David Ricardo e também de Karl Marx, foi possível reconstituir o contexto teórico no qual um saber baseado na teoria do valor-trabalho e constituído por uma antropologia fundante é capaz de ordenar sua intelecção pela figura do homem. Esta introdução teve como propósito a apresentação do cenário teórico no qual o pensamento marginalista pôde se constituir. O primeiro capítulo de desenvolvimento do estudo tratou da caracterização do chamado momento marginalista, pontuando sua singularidade frente ao pensamento econômico do século XIX. Também foi exibida neste capítulo a teoria marginalista do valor, como uma ruptura com a teoria do valor-trabalho. Com esta análise, indicou-se a pretensão dos marginalistas de refundação da Ciência Econômica. Para além disso, a emergência de uma teoria do valor ancorada nos julgamentos individuais dos agentes econômicos propiciou o destaque de três características marcantes do pensamento marginalista: a constituição de novas bases para a cientificidade do saber econômico, uma nova orientação do eixo temporal, bem como um deslocamento do lugar ocupado pelo homem na inteligibilidade da economia. O segundo capítulo centrou-se no estudo da troca e dos preços nos escritos dos autores marginalistas. Esta leitura permitiu compreender o papel de destaque que a esfera da circulação de bens passou a ter no momento marginalista. No mais, também foi salientado como a maneira de constituição dos preços pôde representar uma forma de governo da pluralidade dos julgamentos individuais de valor. Com esta análise se indicou a maneira pela qual essa Ciência Econômica dos marginalistas produziu sua validade universal. O último capítulo de desenvolvimento deste trabalho debruçou-se sobre a concepção de mercado emergente no momento marginalista. Com o estudo do equilíbrio geral do mercado e da Lei de Walras, caracterizou-se o mercado como uma máquina capaz de ordenar toda a economia. Ao fim deste capítulo indicou-se o aparecimento desta concepção de mercado como um acontecimento, capaz de tomar o lugar ocupado pelo homem na ordenação saber econômico. Como considerações finais, apontou-se no momento marginalista a constituição de um saber que funda sua cientificidade no governo da multiplicidade de julgamentos individuais de valor. Também foi pontuado como o pensamento marginalista foi capaz de ordenar a economia de modo a atribuir às expectativas no futuro a constituição de sua conjuntura presente. Por fim, indicou-se que o mercado no momento marginalista funciona como uma máquina que se alimenta da liberdade fundadora do valor. Estes três eixos: a ciência, o tempo e o mercado, foram destacados neste estudo como indícios de uma transformação epistêmica.