O nonsense na literatura brasileira: três estudos de caso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Pugliese Filho, Mario Tommaso
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-18102024-184430/
Resumo: No período posterior à 2\" Guerra, enquanto o mundo se refazia de destruições massivas, buscando tratados de paz e de direitos humanos, o Brasil encerrava a ditadura varguista sob a promessa de abertura econômica e mais liberdade de organização social e direitos individuais. Passado o tempo combativo das vanguardas literárias e artísticas, em busca de meios de expressão afinados com as técnicas e ritmos da vida moderna e, depois, o tempo das vanguardas mais engajadas com questões sociais e políticas, as possibilidades de temas e estilos diversificaram-se. Alguns prosadores, a partir de meados da década de 40, começaram a dedicar-se a uma pesquisa por gêneros de ficção que dialogavam com o fantástico, o absurdo e o nonsense. Tais categorias não são aqui utilizadas como modelos ideais das obras ou finalidade da análise crítica, mas fontes de temas e procedimentos mobilizados. Trataremos, como exemplos, de Murilo Rubião, Campos de Carvalho e de alguns textos particulares de Guimarães Rosa. As análises procuram situar seus textos e sua recepção no contexto da prevalência de urna expectativa de leitura, com seu instrumental característico e argumentos por vezes morais e mesmo ad personam, que privilegiava certa noção de realismo - formal ou semântico, e sua adequação a noções ideais como nacionalidade, a integração do sujeito no mundo e a própria relação entre leitor e texto. Procuramos compreender a construção, o sentido e o uso de elementos e padrões absurdos ou nonsense nas obras (impossibilia, supressão da causalidade, paradoxo, aceleração, pastiche etc.). Cada um dos autores estudados elegeu sua matéria social e linguística, fragmentando, satirizando e parodiando retóricas conflitantes em disputa sobre a verdade. Inseriram-se em um debate com a crítica, por meio da ficção e de seus paratextos e autorrepresentações, incidindo sobre as operações de leitura e atribuição de sentido vigentes. A invenção de absurdo pressupõe, ao contrário do que possa parecer, urna intensa atividade intelectual de controle da forma e do sentido. Por fim, ensaiamos uma reflexão sobre o estatuto ético dessa literatura no modo como ela propõe que o leitor se perceba transitando entre múltiplos regimes de legibilidade