Governança corporativa e retorno anormal em aquisições: evidências do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Silva, Edison Simoni da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-13062014-144028/
Resumo: Estudos realizados no Brasil e no exterior têm obtido evidências de que as empresas experimentam retornos anormais, em média, nulos ou próximos de zero em anúncios de aquisição de outras firmas, mas com elevada dispersão. Identificar fatores que possam explicar tal variância, com foco na estrutura de governança das empresas adquirentes, é o tema desta tese. De forma mais específica, a presente tese procura investigar se características ligadas à estrutura de controle e propriedade e ao conselho de administração das firmas adquirentes apresentam relações estatisticamente significantes com o retorno anormal das adquirentes nos anúncios de aquisição, nas direções sugeridas pela literatura. As análises foram efetuadas com uma amostra de 249 anúncios de aquisições feitos, entre 2001 e 2013, por empresas negociadas em bolsa no Brasil. Os resultados indicam que, em média, tais transações criaram valor para os acionistas das adquirentes. Todavia, como ocorrido em outros estudos, foi observada elevada dispersão. Por meio de análises de regressão linear múltipla, foram obtidas evidências de relação positiva entre o retorno anormal das adquirentes e a concentração da propriedade, especialmente em altos níveis e nas mãos do maior acionista (em termos de direitos de votos). Este resultado corrobora a hipótese de que a concentração da propriedade alinha os interesses dos acionistas controladores aos dos demais acionistas. Também foram obtidas evidências de relação negativa entre o retorno anormal e o controle estatal. Além de se encontrar uma relação negativa, foram obtidas evidências de destruição de valor nas aquisições feitas por tais empresas. Tais resultados estão em linha com a hipótese de que os acionistas minoritários de tais empresas estão sujeitos a maior nível de expropriação pelo controlador. É preciso, todavia, tomar os resultados com cautela, pois o número de observações em que a adquirente tem controle estatal é baixo (apenas 3,2% da amostra). Ainda sobre a identidade do controlador, não foram obtidas evidências de relação estatisticamente significante entre o retorno anormal e o controle familiar. Tal resultado é consistente com os obtidos em estudos realizados com dados de outros países. Com relação ao conselho de administração, foram obtidas evidências de uma relação positiva entre a sua independência e o retorno anormal. Este resultado pode ser explicado tanto por uma redução dos conflitos de interesses em empresas com conselhos mais independentes, quanto por uma melhoria do processo decisório em decorrência da redução das chances de ocorrência de vieses cognitivos. A diversidade do conselho também apresentou relação positiva com o retorno anormal, mas com significância estatística em apenas parte das análises. Em termos gerais, esta pesquisa apresenta evidências de que as características da estrutura de governança das empresas adquirentes podem colaborar para explicar a variância nos retornos anormais associados a anúncios de aquisições em um ambiente caracterizado por maior concentração do controle e da propriedade.