Economia mundo e a escrita estrutural da história. Um estudo de Fernand Braudel

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Cunha, Jaeder Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-18092012-112859/
Resumo: Esta tese é um estudo de epistemologia da história nos domínios da história econômica. Por ser um estudo de epistemologia histórica também é metodológico e historiográfico. Adotamos como objeto principal de investigação obra e pensamento do historiador francês Fernand Braudel (1902-1985). Nossa hipótese geral é a de que a disciplina de história econômica obteve com Fernand Braudel um novo significado no conjunto das ciências sociais e humanas. Já a nossa hipótese específica parte da noção de que economia mundo não se trata de um conceito comum na obra do autor, como tende a se sustentar na historiografia, mas sim de um mecanismo epistêmico dentro do conjunto braudeliano capaz não apenas de dar sentido à sua teoria histórica do capitalismo, mas fundamental para se compreender a partir da escrita estrutural associada à longa duração - a sua perspectiva de espaço-tempo nos domínios da história. Para comprovação das hipóteses apresentadas, três discussões nortearão esta pesquisa: i) a relação das disciplinas de história, economia e sua resultante, a história econômica; ii) o duelo entre a história estrutural braudeliana e o estruturalismo; e iii) os contextos da obra e pensamento braudelianos. Os resultados obtidos demonstraram que a história econômica não somente foi o maior campo de estudos do historiador francês, mas foi a base de seu projeto epistemológico para o conjunto das ciências sociais e humanas. Verificou-se também que o projeto braudeliano em boa parcela foi construído a partir da antinomia de método com o estruturalismo; uma incursão problematizadora dos princípios epistemológicos do método estruturalista demonstraram que seus formalismos impediram que seu maior expoente, Claude Lévi- Strauss, resolvesse a aporia do tempo. Essa incursão nos levou a estudar a concepção de espaço e de tempo na filosofia e na ciência. Verificou-se o debate entre ciência e filosofia em torno do novo problema espaço-tempo lançado pelo físico Albert Einstein enquanto contexto histórico do período de constituição dos paradigmas dos primeiros Annales e braudelianos. O projeto braudeliano, denominado de história global, de nada tem a ver com a pueril pretensão de estudar todos os fatos históricos humanos em todas as épocas possíveis, mas apenas de se inverter a ordem tradicional de investigação das ciências sociais e humanas que se autonomizaram na virada de século e no decorrer do século XX. Trata-se de não mais se restringir à dicotomia idiográfica hipotético-indutiva (empirista) versus nomotética hipotético-dedutiva (racionalista), trata-se de superá-la.