Literatura e sentidos de preconceito racial em discurso na educação básica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lopes, Ana Paula Alberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-26052021-183513/
Resumo: Defendemos ser direito dos sujeitos-alunos o acesso à literatura, desde os anos escolares iniciais da Educação Básica, para que eles percorram os espaços vazados dos textos literários, podendo questionar sentidos que circulam dentro e fora da escola e, sobretudo, desnaturalizar discursos cristalizados, ao longo da história, como se fossem únicos e verdadeiros. Sabemos que não só determinados temas ficam silenciados, no contexto escolar, como o preconceito racial, que será tratado nesta pesquisa, mas, também, o acesso ao arquivo, entendido como campo de documentos pertinentes e disponíveis sobre uma dada questão (PÊCHEUX, 1997). Partimos do princípio de que a constituição do arquivo e seu acesso são fundamentais para a interpretação do literário. Por ser assim, filiados à Análise de Discurso pecheuxtiana, sentimo-nos instigadas a trabalhar com textos da literatura infantil que abordem a questão do preconceito racial a fim de constituir um arquivo e romper com o silêncio que circunda a temática no contexto escolar. A pesquisa foi realizada em uma escola pública de Ribeirão Preto com sujeitos-alunos que frequentavam o quinto ano do Ensino Fundamental. Com base na leitura e na interpretação dos textos lidos, os sujeitos-alunos produziram sentidos, oralmente e por escrito, sobre a questão. Nossa metodologia sustentou-se em um dispositivo teórico-analítico capaz de analisar marcas linguísticas que se referem à questão racial, as quais, para o analista de discurso, indiciam pistas de um funcionamento discursivo tal qual proposto por Ginzburg (1980). As análises apontam que os sujeitos da pesquisa não tinham acesso a um vasto campo de documentos sobre a questão dos negros e o preconceito contra eles, ou seja, apenas sentidos cristalizados pelo discurso dominante eram repetidos em seus discursos. A prática da argumentação não se configura como uma prática pedagógica recorrente no contexto escolar, tampouco sobre um tema polêmico, como a questão do preconceito racial, e ressaltamos, também, o silêncio como parte constitutiva do dizer, observado antes da leitura dos textos por nós selecionados. Após o acesso ao arquivo que constituímos com os sujeitos, nosso corpus aponta para movimentos de ruptura com o silêncio. Como resultado, podemos dizer que o trabalho com os textos literários colaborou para dar início a um espaço discursivo, colocando a literatura como direito fundamental dos sujeitos-alunos que frequentam a Educação Básica, na escola onde a pesquisa foi realizada, especialmente, para fazer ranger o silenciamento dos sentidos sobre preconceito racial.