O ovo de Serpente: o discurso antigênero como elemento na disputa pela função social da educação escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gava, Thais Cristina Montaldi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-30102023-161448/
Resumo: A presente tese teve como objetivo compreender a lógica antigênero enquanto referência para a elaboração de políticas públicas, no caso educacionais, com a intenção de contribuir para a reflexão sobre os possíveis usos do gênero operacionalizados em denúncias de gênero, realizada no âmbito da educação pública por meio da utilização da ideologia de gênero e suas reverberações no contexto escolar. A pesquisa foi organizada a partir da abordagem qualitativa, por meio de estudos de casos múltiplos, com a realização de nove entrevistas com pessoas diretamente envolvidas em dois casos de escolas denunciadas extrajudicialmente. A análise foi realizada com base nos conceitos analíticos de gênero (SCOTT, 1995, 2012, 2020), significante vazio (LACLAU, 2011) e biografia de uma denúncia (AHMED, 2018), capazes de desconstruir caráter monolítico das denúncias na busca pelas contradições e significações em determinado contexto de luta política. Essa é uma das primeiras contribuições dessa tese: as denúncias de uma determinada perspectiva de gênero não significam a interrupção da discussão sobre gênero em si, mante-se a visão hegemônica, baseada no binarismo e na ordem essencialista das percepções sobre as diferenças sexuais que trazem diversas consequências para o ambiente escolar. Uma demanda pela manutenção de uma suposta ordem social que delimita e, portanto, exclui demandas sociais de enfrentamento das formas de sujeições das mais diversas ordens. O que se coloca em questionamento é a pertinência de uma perspectiva crítica de gênero e de educação emancipadora para o trabalho no ambiente escolar. Nesse sentido, as estratégias de enfrentamento adotadas frente às denúncias dizem muito sobre as reverberações e seus possíveis encaminhamentos. Entender a escola como um projeto vivo e coletivo foi fundamental para que as análises sobre os embates ocorridos nas escolas pudessem abarcar essas reconfigurações como peças de um quebra cabeça capaz de trazer novas matizes para as reflexões sobre o que se espera da escola. Essa ampliação de escopo significou também olhar para as denúncias como eventos relacionados a contextos mais amplos e complexos das dinâmicas nas escolas, na sociedade e que, ao mesmo tempo, apresentaram especificidades que poderiam ser exploradas para a construção de uma crítica mais aprofundada sobre políticas antigênero no Brasil e suas interlocuções com a educação.