Mulheres que alimentam cidades: ecofeminismo e agroecologização de territórios

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ott, Anna Fridha Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-01112023-172737/
Resumo: Estamos imersos em crises diversas: econômicas, sociais e ambientais, intensificadas pelo Covid-19. A transição para sociedades sustentáveis e que garantam o bem-viver de todos e todas é urgente. Para isso, é necessário refletir sobre o território a partir de lógicas comprometidas com a sustentabilidade socioambiental e à agroecologização. O presente trabalho se propõe a entender, à luz do ideário que fundamenta os movimentos agroecológico e ecofeminista, como o Programa Horta Comunitária Cheiro Verde (HCCV) é compreendido por suas participantes e por gestores de políticas públicas do município de Itatinga SP, de forma a subsidiar o aprimoramento e a formulação de novas políticas públicas de agricultura urbana e periurbana (AUP). As perguntas que a pesquisa se debruça são: quais as oportunidades e desafios para os movimentos ecofeministas e agroecológicos incidirem na transição para sociedades sustentáveis? Mais especificamente, a participação de mulheres na agricultura urbana e periurbana pode contribuir para a agroecologização de territórios? O objetivo geral é contribuir para a produção de conhecimentos sobre uma nova cultura da Terra, terra e território, relacionada à formalização, implantação e execução de uma política pública voltada para a agricultura urbana e periurbana (AUP) e sua relação com o ecofeminismo e a agroecologização de territórios. Os objetivos específicos da pesquisa incluem o estudo sobre as interfaces possíveis entre o ecofeminismo e a agroecologização de territórios, a investigação das relações entre o ecofeminismo e a participação das mulheres na AUP, a análise do processo de formulação, implantação e execução da política pública da Horta Comunitária Cheiro Verde no município de Itatinga SP, a avaliação da participação das agricultoras na agroecologização por meio de seu envolvimento com a Horta Comunitária Cheiro Verde, a compreensão do potencial das políticas públicas que integram a participação das mulheres e a agricultura urbana para o avanço da agroecologia nos municípios e a melhoria de vida das mulheres, e a contribuição para a construção de políticas públicas de gênero e AUP nos municípios. Os resultados destacam que, ao valorizar o cuidado como uma noção fundamental para a sustentabilidade da vida e dos sistemas alimentares, a agroecologia desafia as hierarquias de gênero e busca superar as desigualdades existentes. Ela reconhece e valoriza os saberes tradicionais e locais, incluindo o conhecimento das mulheres no manejo sustentável dos bens naturais e na preservação da agrobiodiversidade. O ecofeminismo desempenha um papel importante na compreensão das desigualdades de gênero presentes na agricultura urbana e periurbana de base agroecológica. Ele destaca o papel predominante das mulheres no cuidado e ressalta sua participação muitas vezes invisibilizada. O ecofeminismo convida a repensar as relações sociais, valorizando o cuidado, a participação ativa das mulheres e a equidade de gênero. O ecofeminismo e a agroecologia compartilham uma perspectiva de justiça social, ambiental e de gênero. As interseções entre o ecofeminismo, a agroecologia e a perspectiva do cuidado oferecem uma abordagem enriquecedora para repensar e transformar os sistemas agrícolas e alimentares atuais. Ela desafia os padrões patriarcais e as desigualdades de gênero, reconhecendo e valorizando a contribuição das mulheres na agricultura urbana e periurbana. Por fim, é fundamental que as políticas públicas considerem a interseccionalidade das desigualdades, levando em conta as diferentes realidades e necessidades das mulheres em relação à classe social, raça, etnia, orientação sexual, entre outros aspectos. A implementação de políticas inclusivas e sensíveis às diversidades é essencial para garantir a participação na tomada de decisões e promover a valorização econômica de seu trabalho. A conclusão desta pesquisa demonstra a importância da abordagem militante, engajada e decolonial para promover e valorizar o conhecimento das mulheres, assim como suas experiências e perspectivas. A pesquisa também destaca a necessidade de descentralizar e diversificar os saberes, incorporando os conhecimentos tradicionais e ancestrais das comunidades locais. Isso permite questionar a neutralidade e a universalidade do conhecimento científico, abrindo espaço para a construção de saberes alternativos e mais inclusivos.