Dinâmica da serapilheira em manguezais de Bertioga, região sudeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Lamparelli, Claudia Condé
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/tde-05022018-160319/
Resumo: Os manguezais de Bertioga localizam-se próximos ao limite sul de distribuição dessa comunidade vegetal na costa brasileira e no hemisfério sul. Esses bosques são compostos por três espécies: Rhizophora mangle L., Avicennia schaueriana Stapf & Leechman e Laguncularia racemosa Gaertn f. e apresentam estrutura pouco desenvolvida. O manguezal do Rio Iriri possui um diâmetro médio de 8,48 cm, altura média de 6,55 m, densidade de 216 ind/0,1 ha e área basal de 1,29 m2m2/0,1 ha. Já no Rio ltapanhaú, .o diâmetro médio do bosque é de 10,41 em, com altura média de 6,83 m, densidade de 173 ind/0,1 ha e área basal de 1 ,69 m2/0,1 ha. Estimativas de biomassa nos dois locais de estudo resultaram em valores de 42,3 t/ha para o Rio iriri e 59,7 t/ha para o Rio Itapanhaú e a produção anual de madeira foi de 3,6 e 1,9 t/ha respectivamente. Esse baixo desenvolvimento estrutural é provavelmente devido às baixas temperaturas alcançadas no inverno e aos diversos estresses aos quais estão submetidos esses bosques em função das atividades humanas desenvolvidas na região. A produção de serapilheira desses bosques reflete seus baixos índices estruturais, embora trate-se de bosques de franja inundados duas vezes ao dia por marés de mais de 1 m de amplitude. A taxa média anual de produção de serapilheira foi de 5,6 t/ha no Rio lriri e 4,6 no Rio Itapanhaú. Padrões sazonais foram evidentes para os diversos componentes da serapilheira assim como uma sequência temporal das diversas fases fenológicas. As folhas apresentaram maior produção durante o verão. As flores mostraram picos no final dessa estação seguidas de picos de propágulos no outono. A queda de madeira apresentou maiores taxas principalmente nos meses de inverno. Os fatores que controlam essa sazonalidade estão provavelmente associados à temperatura e pluviosidade. Nesses manguezais a renovação desse material é alta, apresentando baixas quantidades de estoque de serapilheira no sedimento, cujos valores variam de 50 a 164 gPS/m2. Essa renovação se dá através da decomposição, que é bastante rápida, com taxas diárias médias de 0,006 para Rhizophora, 0,011 para Laguncularia e 0,015 para Avicennia. Além da diferença entre as espécies, foi observada uma diferença entre as estações e os sítios. As taxas do verão foram significativamente mais altas que as do inverno. Além disso, o Rio Iriri apresentou taxas médias mais elevadas que o Itapanhaú. Embora o processo de decomposição seja intenso nesses manguezais pela existência de condições favoróveis, a maior parte da renovação se dá através da exportação da serapilheira pelo movimento das marés. A partir da elaboração de um modelo ecológico da dinâmica da serapilheira incluindo sua produção, estoque e decomposição, foi possível estimar essa exportação cujos valores estão em torno de 0,7 gPS/m2 por dia com uma exportação acumulada anual de cerca de 2,5 tPS/ha, o que significa que estes manguezais exportam aproximadamente 50 por cento da serapilhelra que produzem. Essa dinâmica da serapilheira influencia também a ciclagem de nutrientes nesse ecossistema. Para compensar a exportação de materiais esses manguezais apresentam retranslocação de nutrientes como o nitrogênio e o fósforo, mecanismo no qual esses elementos são reabsorvidos da folha antes de sua queda. A imobilização, outro mecanismo para conservar nutrientes durante a decomposição, não foi significativa nesse estudo, ocorrendo apenas com nitrogênio em folhas de Laguncularia. Apesar da retranslocação registrada nesses bosques, tanto para o nitrogênio quanto para o fósforo, esses manguezais não se mostraram eficientes no uso de nutrientes, provavelmente, porque estes estejam disponíveis no sedimento em quantidades adequadas. A variação anual da concentração de nutrientes nas folhas da serapilheira mostrou um padrão sazonal com maiores valores no inverno e menores no verão. Já as folhas verdes não apresentam essa sazonalidade tão nítida:o que ocorre, portanto, é uma maior retranslocação durante a época de maior produção de folhas, mantendo os teores desses nutrientes na copa.