Ativação cerebral resultante da codificação associativa de faces e nomes em adultos com acidente vascular cerebral isquêmico crônico esquerdo por ressonância magnética funcional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Batista, Alana Xavier
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-13122022-131131/
Resumo: O estudo do infarto isquêmico causado pelo Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) permite verificar como a lesão produz alterações em redes neuronais que resultam em um déficit cognitivo. A gravidade do déficit cognitivo irá depender da densidade de conexões que a região lesionada estabelece com outras regiões cerebrais. Permite, também, a verificação de mecanismos de reorganização cerebral adaptativos e desadaptativos relacionados à lesão. O presente estudo tem por objetivo, verificar a relação entre a lesão cerebral isquêmica crônica no Giro Frontal Inferior (GFI) esquerdo e as alterações do padrão de ativação cerebral durante a codificação associativa de pares de faces e nomes (FN) não familiares; bem como, seus respectivos desfechos comportamentais envolvendo a tarefa de memória de reconhecimento para FN (MRFN) e testes neuropsicológicos de memória, atenção e funções executivas. Este perfil de lesão foi escolhido devido à maior densidade de conexões que o GFI esquerdo estabelece com outras áreas cerebrais relacionadas à memória associativa; assim como, o seu envolvimento no processamento de componentes associativos e estratégicos recrutados durante a integração de duas informações que não possuem vínculo contextual. Portanto, para testar a hipótese de que existem diferenças no padrão de ativação na presença, ou não, da lesão no GFI esquerdo que têm impacto na memória associativa, foi utilizado um paradigma de desenho em bloco por Ressonância Magnética Funcional, envolvendo a codificação associativa de FN não familiares. Os grupos foram formados por 25 controles adultos saudáveis, comparados a 24 pacientes AVCIs sem lesão em estruturas hipocampais, mas com lesão em regiões do território carotídeo esquerdo. Destes, 11 pacientes tinham lesão no GFI esquerdo (LGFIe) e 13 pacientes não possuíam lesão nesta região (n-LGFIe). Os três grupos não diferiram quanto ao sexo, à idade, à escolaridade e aos sintomas depressivos no rastreio cognitivo e QI. Os pacientes AVCIs não diferiram quanto ao tempo e volume de lesão, e apresentaram desempenho inferior aos controles na parte A do teste de trilhas. Já os pacientes LGIFe apresentaram pior desempenho que controles na parte B do teste de trilhas, no teste Stroop, na fluência verbal fonêmicaortográfica, no subteste dígitos ordem inversa e na tarefa MRFN. A comparação entre grupos do padrão de ativação ajustado pelo desempenho na MRFN revelou o aumento da ativação em regiões pré-frontais perilesionais e regiões pré-frontais do hemisfério contralesional que são indicativos de mecanismos compensatórios adaptativos à lesão cerebral em pacientes n-LGFIe. Entretanto, foram verificadas correlações negativas entre o aumento da ativação no polo frontal e em parte dos giros frontais superior e inferior do hemisfério contralesional, que podem indicar a presença de desinibição inter-hemisférica desadaptativa em parte destes pacientes. Ambos os grupos de pacientes AVCIs apresentaram redução da ativação no putâmen, tálamo e cápsula interna, que sugerem a presença de diásquise ipsilateral talâmica. Já pacientes LGFIe apresentaram correlações negativas ao aumento da ativação no córtex parietal inferior ipsilesional e correlações positivas ao aumento da ativação no giro frontal médio e córtex précentral esquerdos que demonstram a ocorrência simultânea de mecanismos de reorganização cerebral adaptativa e desadaptativa neste grupo. Entretanto, o aumento em regiões perilesionais, associada à ativação bilateral do hipocampo e amígdala, não foi suficiente para compensar a ineficiência do desempenho na MRFN. Por fim, as diferenças de ativação observadas em pacientes AVCIs refletem sua heterogeneidade clínica e demonstram que mecanismos neuroplásticos compensatórios adaptativos ou desadaptativos podem coexistir em um mesmo grupo de pacientes. Além disso, reforçam a importância do GFI esquerdo nos processos de codificação associativa de FN e podem sugerir um possível déficit de memória associativa em pacientes LGFIe