A cultura surda nos cursos de licenciatura: práticas e perspectivas no ensino da Língua Brasileira de Sinais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Matos, Marcia Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100135/tde-21012015-103629/
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo verificar a contribuição da disciplina Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos cursos superiores de licenciatura para circulação do discurso da diferença linguística e cultural das comunidades surdas. A área da surdez encontra-se circunscrita nas relações de poder e saber presentes na sociedade, nessa área observa-se a predominância de dois conjuntos de enunciados. Um deles se relaciona ao discurso da deficiência que tem como princípio a normalidade baseada nas pessoas ouvintes. O outro diz respeito ao discurso pautado na diferença linguística e cultural, cuja normalidade baseia-se nas pessoas surdas e no que circula e se produz em suas comunidades. Vinculada a esse último discurso, a Libras se tornou pauta de reivindicações dos movimentos políticos das comunidades surdas brasileiras, tem sido considerada a primeira língua nas propostas de educação bilíngue para surdos e foi reconhecida pela Lei nº 10.436/2002, cuja regulamentação se deu por meio do Decreto Federal nº 5.626/2005. Esse Decreto instituiu, dentre outras medidas, a obrigatoriamente da disciplina Libras nos cursos superiores de licenciatura e fonoaudiologia. Considerando essa normatividade, especificamente, nos cursos de licenciatura, este trabalho configura-se como uma pesquisa qualitativa que contou com a aplicação de um questionário estruturado com perguntas abertas e com a análise documental dos planos de ensino da disciplina Libras de seis docentes que ministram essa disciplina em Instituições de Ensino Superior (IES) na cidade de São Paulo e região metropolitana. Por meio da análise das regularidades presentes nos enunciados dos docentes e nos dados dos planos de ensino, verificou-se que os docentes, enquanto sujeitos do discurso, afirmam um vínculo formativo e profissional com os surdos e a Libras e, em suas práticas pedagógicas, estabelecem normatividades nos objetivos, conteúdos, estratégias e exercícios que se fundamentam no discurso que se filia, predominantemente, à diferença linguística e cultural dos surdos. Esses mesmos docentes também afirmam que a receptividade da disciplina é positiva pela maioria dos discentes e alguns destes se tornam disseminadores das práticas discursivas das aulas.