Prevalência de comprometimento cognitivo em adultos e idosos indígenas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Carvalho, Anna Paula de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-17052017-112020/
Resumo: Introdução: O envelhecimento populacional vem sendo acompanhado por um aumento mundial na prevalência de demência. Entretanto, uma revisão sistemática da literatura evidenciou que pouco se sabe sobre a prevalência de demência e comprometimento cognitivo em populações etnicamente diferentes, como a indígena. Isto é, particularmente, relevante dado o aumento da expectativa de vida dessa população e, consequentemente, do número de idosos e das modificações em seu perfil de morbidade e mortalidade. Objetivo: Identificar a prevalência de comprometimento cognitivo na população indígena brasileira, caracterizando o perfil de desempenho cognitivo, de declínio cognitivo subjetivo e de humor e associando com fatores sociodemográficos, hábitos, antecedentes de saúde e humor. Método: Foram incluídos 217 indivíduos com idade igual a ou maior que 50 anos, de ambos os sexos, da etnia Mura, moradores da aldeia de Pantaleão, no município de Autazes, em Manaus - Amazonas. Os participantes foram submetidos a testes de avaliação de atenção, memória operacional, memória declarativa de curto e longo prazos, fluência verbal, habilidade visuoconstrutiva, bem como avaliação de humor, sintomas depressivos, declínio cognitivo subjetivo e desempenho funcional. Resultados: A prevalência de comprometimento cognitivo variou em função da faixa etária. A amostra total incluiu indivíduos com 50 anos de idade ou mais, a prevalência de comprometimento cognitivo foi 43,3%, nos participantes com 60 anos ou mais, a prevalência aumentou para 43,7% e para 51,1% naqueles com 65 anos ou mais. Em relação aos fatores associados, a idade e a escolaridade influenciaram as chances de comprometimento cognitivo em todas as faixas etárias. Nos participantes com 50 anos ou mais, a cada um ano de idade, aumenta em 3% a chance de comprometimento cognitivo (OR = 1,03), e a cada um ano de escolaridade esta chance diminui em 26% (OR = 0,74). Já nos participantes com 60 anos ou mais e nos com 65 anos ou mais, a cada um ano de idade, aumenta em 9% a chance de comprometimento cognitivo (OR = 1,09) e a cada um ano de escolaridade esta chance diminui em 29% (OR = 0,71). Além da idade e escolaridade, o IMC e a renda influenciaram a chance de comprometimento cognitivo nos participantes com idade 50 anos e 60 anos. A cada ponto no IMC, diminui em, aproximadamente, 10% a chance de comprometimento cognitivo (OR = 0,90). Em relação à renda, a cada unidade da renda familiar diminui em 48% a chance de comprometimento cognitivo nos idosos com idade 60 anos. Comparando com os indígenas sem comprometimento cognitivo, aqueles com comprometimento cognitivo tiveram pior desempenho em todos os testes cognitivos, exceto nos de fluência verbal e habilidade visuoconstrutiva, além de maior intensidade no declínio cognitivo subjetivo e nos sintomas depressivos (p 0,05). Conclusão: A prevalência de comprometimento cognitivo em adultos e indígenas aumenta nas faixas etárias maiores, e a chance de desenvolver algum comprometimento aumenta nos participantes mais velhos, com menor escolaridade e renda familiar. Estes achados podem contribuir para implementação de políticas públicas relacionadas ao cuidado da saúde do índio e à capacitação dos profissionais da saúde, incluindo a equipe de enfermagem, para identificação precoce de indivíduos vulneráveis ao desenvolvimento de comprometimento cognitivo.