Validação da escala South Oaks Gambling Screen em população brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Oliveira, Maria Paula Magalhães Tavares de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-28022008-220447/
Resumo: Jogo patológico vem sendo considerado uma dependência comportamental com muitas semelhanças com dependência química. A escala South Oaks Gambling Screen (SOGS) é o instrumento mais utilizado para rastrear esse transtorno. A SOGS investiga prática de jogos de azar e comportamentos associados a jogo. O indivíduo que responder afirmativamente a pelo menos 5 dentre as 20 questões nucleares é classificado como \"provável jogador patológico\". O presente estudo visou verificar o desempenho da SOGS, comparado aos critérios diagnósticos do DSM IV para jogo patológico. A Amostra Total foi constituída por 54 jogadores patológicos que procuraram tratamento (Grupo Clínico), 71 representantes da população geral recrutados em estação de trem (Grupo Trem) e 116 freqüentadores de casa de bingo (Grupo Bingo). Analisaram-se propriedades psicométricas da SOGS (validade, sensibilidade, especificidade, valor preditivo e taxa de classificação incorreta), estrutura fatorial, consistência interna e correlação entre respostas nas duas escalas. Na Amostra Total foi maior a proporção de mulheres mais velhas, separadas ou viúvas, que não trabalhavam; que voltaram para recuperar dinheiro perdido; tiveram mais discussões sobre dinheiro centradas no jogo; e que jogavam para escapar de problemas ou de aliviar disforia. Mulheres jogaram mais em bingo, enquanto homens diversificaram mais os tipos de jogos. Os jogos mais praticados na vida pela amostra Total foram, em ordem decrescente, bingo, loteria, esportes, cartas e jogos eletrônicos. Bingo, loteria e jogos eletrônicos foram os jogos mais praticados no último ano e no último mês. É discutida a prevalência do bingo e de jogo eletrônico entre jogadores patológicos. Análise estatística mostrou diferença entre os grupos, atestando boa validade de construto: Clínico teve a maior pontuação para jogo patológico, Bingo foi intermediário; e Trem mostrou o menor índice de patologia. A correlação entre a pontuação na SOGS e DSM IV na Amostra Total foi alta (r = 0,854, p < 0,01) e a consistência interna da SOGS avaliada pelo alpha de Cronbach foi 0,75. A análise da estrutura da SOGS resultou em dois fatores, comportamento de jogar e fontes de dinheiro para jogo, responsáveis por 56,7% da variabilidade total. Consideradas as respostas na Amostra Total para jogo na vida, com ponto de corte 5, os índices de validade foram satisfatórios (sensibilidade=100, especificidade=74,7, valor preditivo positivo=60,7, valor preditivo negativo=100 e taxa de classificação incorreta=0,18. Ao aumentar o ponto de corte para 8, o número de falsos positivos diminuiu bastante (95,4, 89,8, 78,5 , 98, 0.09, respectivamente). Chamou atenção a diferença entre SOGS e DSM IV na classificação de jogador patológico, pois a proporção desses jogadores segundo a SOGS, no ponto de corte 5, foi muito superior à do DSM IV no Grupo Trem (8,5% e 2,8%, respectivamente) e principalmente no Grupo Bingo (44% e 12%, respectivamente). Discute-se que essa diferença pode representar um artefato do ponto de corte utilizado e sugere-se que, em pesquisas populacionais, o ponto de corte seja aumentado para 8, ou que sejam utilizados os dados referentes aos últimos 12 meses. Se for utilizado o ponto de corte original (5), os resultados devem ser depois confirmados por meio de entrevista clínica.