Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Silva Filho, Almir Ribeiro da |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27155/tde-22082016-134817/
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Resumo: |
O Über-marionette é a proposta mais célebre e polêmica de Edward Gordon Craig. Ela parte de uma premissa inicial que sentencia à morte o ator, identificado como um empecilho para o desenvolvimento do teatro. Ao mesmo tempo se desenvolve positivamente em uma pedagogia, ainda que velada, em sua obra. Por isso decidimos denominar esta tese de \"Pedagogia da morte do ator\", compreendendo o paradoxo contido nesta expressão como uma elaboração característica do sistema intelectual de Gordon Craig. Ao criar uma representação imagética para uma crítica ao teatro de seu tempo, Craig formulava, simultaneamente, uma proposta, em forma alegórica, de um revolucionário projeto para o redimensionamento da arte teatral, como um todo. E apresentava uma pedagogia ainda inovadora baseada na relação entre o ator e o material inerte. Muito do longevo potencial revolucionário do Über-marionette, é devido à utilização metódica de algumas matérias-primas: A primeira delas é uma crítica incisiva sobre o trabalho do ator e sobre a prática teatral de um modo geral. A segunda a linguagem do Teatro de bonecos, e sua natureza evocativa de ritualidades e dialéticas. A terceira por uma proposta de redimensionamento das práticas e estéticas teatrais, pleiteando o renascimento da arte do ator e o surgimento da figura do Encenador teatral. A provocação do Über-marionette foi o ponto inicial de um diálogo entre Gordon Craig e Ananda Coomaraswamy, historiador de arte indiana. Essa interface com o Oriente sempre esteve presente no pensamento de Craig e encontrou em Coomaraswamy um interlocutor importante que o desafiou sobre a criação do Über-marionette e sua abordagem sobre a arte teatral oriental. A reação precavida de Craig em relação a trocas entre tradições inicia as reflexões sobre o tema do teatro intercultural e aponta suas idiossincrasias. Apresentamos o parentesco entre o Über-marionette e o ícone das artes cênicas hindus, o deus Shiva Nataraja e com o livro que regula a prática cênica tradicional na Índia, o Natya Shastra. Tomamos como exemplo prático para tentar avaliar concretamente esse embate dialógico o Kathakali, estilo de teatro clássico masculino do sul da índia. A partir daí, analisamos a tradição pedagógica indiana para a arte teatral (o sistema de gurus) que baseou a argumentação de Coomaraswamy para sua crítica à formação do Über-marionette. E avaliamos se o teatro Kathakali poderia configurar uma concretização da argumentação de Coomaraswamy. E se esta concretização responderia à demanda de Gordon Craig por um ator Über-marionette. Dentro dessa análise, observamos o processo de estilização e codificação formal proposta pelos teatros asiáticos e de marionetização de seus atores. Esse diálogo entre Gordon Craig e Coomaraswamy foi o prenúncio de uma complexa interface que até hoje se mostra recheada de idiossincrasias e de difícil emolduramento. Exemplificando a ciclicidade desta questão, resgatamos o embate entre Rustom Bharucha, crítico severo das tentativas de interculturalismo ocidental e Richard Schechner, um dos mentores das aproximações entre o teatro ocidental e as formas teatrais tradicionais do Oriente. |