Útero em forma de \"T\": definição, critérios diagnósticos, prevalência, implicações clínicas e tratamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Coelho Neto, Marcela de Alencar
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17145/tde-05102020-131545/
Resumo: Avaliar se existe medida confiável e precisa para distinguir o útero em \"T\" do útero normal/arqueado e sumarizar a evidência disponível em relação a definições, diagnóstico, prevalência, implicações clínicas e impacto do tratamento cirúrgico para o útero em \"T\" não relacionado ao dietilestilbestrol (DES). Métodos: Estudo prospectivo observacional para avaliar confiabilidade/concordância com elementos de acurácia diagnóstica em uma amostra de 100 blocos de ultrassonografia tridimensional (US-3D) de úteros apresentando endentação lateral da cavidade, tendo como padrão de referência a impressão subjetiva de 15 especialistas. As medidas foram realizadas de forma independente por dois especialistas para avaliar o coeficiente de correlação de concordância (CCC), a precisão diagnóstica pela a área sob a curva (AUROC), e o melhor ponto de corte pelo índice de Youden. Para resumir a evidência disponível em relação ao útero em \"T\", realizou-se uma revisão sistematizada buscando estudos no PubMed, Scopus e EMBASE em mar-2020. Estudos sobre útero em \"T\" não relacionado ao DES incluindo 10 ou mais mulheres foram elegíveis. Resultados: No estudo de reprodutibilidade e precisão diagnóstica, foram incluídos 100 participantes (pelo padrão de referência, 20 foram julgados em \"T\" e 80 normais/arqueados). A concordância entre especialistas foi de 82% (kappa=0,43). As três medidas identificadas com precisão diagnóstica e seus respectivos pontos de corte foram: ângulo de endentação lateral (AUROC=0,95) ≤130°, profundidade da endentação lateral (AUROC=0,92) ≥7 mm, e ângulo \"T\" (AUROC=0,87) ≤40°. O ângulo \"T\" foi a medida com melhor reprodutibilidade interobservador (CCC=0,87). Sugere-se considerar útero em \"T\" na presença dos três critérios (valor preditivo positivo=0.93). Na revisão sistematizada, 2504 referências foram identificadas, e 20 estudos foram incluídos. Há apenas estudos de baixa qualidade. O diagnóstico do útero em \"T\" foi, comumente, realizado por US-3D, e o critério mais citado foi o da European Society of Human Reproduction and Embryology and the European Society for Gynecological Endoscopy (ESHRE-ESGE). A prevalência do útero em \"T\" variou de 0,2-10%. Sua etiologia foi relacionada à adenomiose, sinéquias e como sendo uma condição primária. Resultados reprodutivos ruins foram relacionados ao útero em \"T\" (infertilidade, aborto, parto pré-termo, gravidez ectópica e falha de implantação). Os benefícios do tratamento cirúrgico por metroplastia histeroscópica foram analisados em 12 estudos, que mencionaram melhora nas taxas de gravidez, nascidos vivos, parto a termo, redução de abortamento e gravidez ectópica (evidência de muito baixa qualidade). Conclusões: A concordância entre especialistas para o diagnóstico do útero em \"T\" foi moderada. Três medidas tiveram boa acurácia diagnóstica e confiabilidade razoável a moderada. Até o momento, prevalência, importância clínica e impacto da cirurgia nos resultados reprodutivos de mulheres com útero em \"T\" são desconhecidos. Alguns estudos relatam melhora nos resultados reprodutivos após a cirurgia, mas a evidência é de muito baixa qualidade. A definição proposta pelo CUME para útero em \"T\" poderá ajudar no desenvolvimento de ensaios clínicos randomizados e ser adotada pelas diretrizes no estudo das malformações uterinas.