Felicidade controversa - volição, prescrição e lógica na eudaimonia aristotélica

• Ano de defesa: 2012
• Autor(a) principal: Gazoni, Fernando Maciel
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Ação; Action; Aristóteles; Aristotle; Ethics; Ética; Eudaimonia; Produção; Production
• Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-09112012-120942/

Atualmente a Ética Nicomaqueia apresenta-se como uma obra fraturada. O tratamento do conceito de eudaimonia feito por Aristóteles não parece ser muito claro. Por um lado, ele privilegia explicitamente a atividade contemplativa como a eudaimonia perfeita e dessa forma dá ao conceito uma acepção dominante. Por outro lado, muito do tratamento teórico dispensado à atividade das virtudes éticas faz supor que a vida ideal deveria combinar contemplação e atividade prática em um todo coerente, e o resultado deveria ser uma eudaimonia inclusivista. A essa falta de coalizão somam-se ainda outros problemas. Por exemplo, qual é a correta interpretação de certos argumentos, notadamente o argumento de abertura do segundo capítulo do primeiro livro da Ética Nicomaqueia (EN I.2), sobre o qual pesa a acusação de ser falacioso, o argumento da finalidade e o argumento da autossuficiência (apresentados em EN I.7). Este trabalho tem como objetivo estabelecer uma interpretação coerente da eudaimonia. Apresento razões para considerar consistente o argumento de abertura de EN I.2, razões que o fazem coeso com os argumentos apresentados em EN I.7. A interpretação procura conciliar aspectos volitivos, prescritivos e lógicos do conceito de eudaimonia e dessa forma explicar a divisão entre as concepções inclusivista e dominante. Para tanto, é necessário ter em mente o escopo intensional da ética aristotélica e a distinção proposta por Aristóteles entre ação produtiva e ação prática.