Narrativas sobre o percurso das acompanhantes de saúde da pessoa com deficiência da Estratégia APD no município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Duarte, Debora Moises
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/108/108131/tde-14122023-094040/
Resumo: Introdução: A implantação do Sistema Único de Saúde em 1988 vem tencionando a garantia à saúde como direito de todos e dever do Estado, a partir da lógica do cuidado em rede de serviços intersetoriais, valorizando a coparticipação e responsabilização da família e da comunidade. Nessa perspectiva, em 2010, foi implantada, pela Secretaria Municipal de Saúde do município de São Paulo, a Estratégia Acompanhante de Saúde da Pessoa com Deficiência (APD), que conta com uma equipe multiprofissional, com a finalidade de promover a autonomia e independência da pessoa com deficiência intelectual em situação de fragilidade e vulnerabilidade social. A atuação da acompanhante de saúde da pessoa com deficiência se dá no cotidiano da vida dessas pessoas, com apoio da equipe técnica, utilizando enquanto instrumento de trabalho sua presença e recursos pessoais, de modo a favorecer ou criar condições para o fomento de experiências potentes no desenvolvimento da pessoa com deficiência intelectual. Objetivo: colher e compreender as narrativas sobre o percurso das acompanhantes de saúde da pessoa com deficiência desenvolvido no cotidiano de trabalho pela Estratégia APD com os usuários e familiares/responsáveis das pessoas com deficiência intelectual. Material e Métodos: pesquisa de caráter qualitativo, descritivo e exploratório, com metodologia de pesquisa-intervenção a partir de estudo documental, entrevista semiestruturada e grupo focal desenvolvido com as acompanhantes. Os dados qualitativos foram organizados e analisados por meio da análise de conteúdo com base na análise temática. Resultados: identificou-se uma narrativa carregada de afeto, potencialidades e desafios sobre o cuidado inventivo em saúde promovido pelas acompanhantes de saúde da pessoa com deficiência, as quais se relacionam e compreendem o outro tal qual o artesão sob a ótica benjaminiana, pautada no saber da comunicação com o território, na escuta livre de julgamentos técnico-científicos e no vínculo da proximidade identitária. Desse modo, as acompanhantes promovem a participação social, a autonomia e o enfrentamento ao capacitismo em ações que efetivam as políticas públicas na prática viva do cuidado em saúde voltado às pessoas com deficiência intelectual. Percebeu-se os impactos da hierarquia imposta pela organização do trabalho, mas também a superação dessa lógica no processo de constituição da equipe na medida em que ocorre a apropriação do fazer com autonomia. Ademais, constatou-se a mudança do olhar das acompanhantes ao entrar em contato com diferentes modos de vida e com a experiência de angústias, assim como de práticas que promovem a participação social da pessoa com deficiência intelectual. Conclusões: Demonstrou-se haver espaço de escuta e reflexão por parte da equipe multiprofissional, tendo em vista a busca por não reproduzir a segregação da hierarquia do conhecimento, o que favorece o desenvolvimento de práticas que evidenciam que as finalidades da Estratégia APD foram alcançadas. Por fim, foi construído um produto educacional a partir da narrativa das acompanhantes em formato de áudio vídeo na perspectiva de fomentar o diálogo sobre o trabalho desenvolvido por essas profissionais e os demais serviços da Rede de Atenção à Saúde e intersetoriais, de modo a favorecer a participação social das pessoas com deficiência intelectual.