Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Jiquiriçá, Paulo Ricardo Ilha |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-30092015-154818/
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Resumo: |
A expansão da fronteira agrícola amazônica representa possivelmente a mais extensa e profunda mudança no uso da terra do mundo contemporâneo. Estima-se que a Bacia Amazônica já teve 20% de sua área desmatada e seus ecossistemas aquáticos, que abrigam a maior diversidade de peixes de água doce do planeta, também vem enfrentando inúmeras outras pressões, entre elas a construção de barragens. O desmatamento e a construção de barragens causam profundas alterações nas características bióticas e abióticas dos ecossistemas lóticos, incluindo o aquecimento da água e mudanças na composição e estrutura das assembleias de peixes. Existem inúmeras evidências de que o aumento da temperatura afeta negativamente o tamanho corporal dos organismos, e aquecimentos provocados por mudanças climáticas já foram relacionados com reduções no tamanho corporal de peixes. Contudo, faltam estudos que demonstrem que processos locais e regionais de grande relevância como as mudanças no uso da terra, também podem causar o mesmo resultado. Com foco geográfico no arco do desmatamento amazônico nas cabeceiras do Rio Xingu, os objetivos desta tese foram, (i) investigar os efeitos do desmatamento e da construção de barragens sobre características ambientais, e sobre a composição e estrutura das assembleias de peixes em riachos de primeira ordem; e (ii) testar as hipóteses de que a conversão de florestas em áreas agrícolas está associada a um aquecimento dos riachos e a uma redução no tamanho corporal dos peixes, e que esta redução no tamanho corporal é resultado de alterações na crescimento dos peixes, seja por mecanismos de adaptação e/ou por plasticidade fenotípica, promovidas pelo aquecimento do ambiente. No primeiro capítulo desta tese, demonstramos que o desmatamento e a construção de barragens provocam alterações em características ambientais dos riachos de primeira ordem que afetam a disponibilidade de hábitat para os peixes. Isto resultou em alterações na composição e estrutura das assembleias, de forma que riachos de área agrícola apresentaram maior abundância e biomassa de peixes que riachos de floresta. Trechos represados apresentaram menor riqueza de espécies que trechos lóticos tanto em ambientes florestados como desmatados, sugerindo que a construção de barragens constitui uma ameaça significativa para a conservação da biodiversidade de peixes. No segundo capítulo, combinamos amostragem em campo e experimentos em laboratório e campo para demonstrar que a conversão de florestas em áreas agrícolas aqueceos riachos de cabeceira e reduz o tamanho corporal dos peixes através de alterações nas taxas de crescimento individual Os aquecimentos e reduções de tamanho que observamos foram consideravelmente maiores que os reportados na literatura para os efeitos observados e previstos do aquecimento global. Este é o primeiro estudo, até onde nós sabemos, que investigou os efeitos do aquecimento provocado pelo desmatamento no tamanho corporal de peixes. É possível que reduções no tamanho corporal de peixes mediadas pelo aquecimento estejam ocorrendo ao longo de todo o arco do desmatamento, onde riachos de primeira ordem coletivamente contribuem com grande fração da biodiversidade de espécies amazônicas, muitas delas endêmicas. |