A representação do \"discreto\": a filha do comendador em el burlador de Sevilla

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Luciano, Fabio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-25052011-173329/
Resumo: Tomando como referenciais teóricos e críticos autores como Aristóteles, Lope de Vega, Porqueras Mayo, Jaime Cortesão e João Adolfo Hansen e levando em conta os principais aspectos culturais da sociedade espanhola do século XVII, este trabalho tem seu foco de interesse na personagem Dona Ana de Ulloa, Filha do Comendador em El Burlador de Sevilla, que é arrebatada por Dom Juan. Buscou-se entender como o modo de ser discreto se articulava na corte espanhola da época, tentando esclarecer as motivações dessa atitude nas ações da Filha, pois será através dessa poética da moralidade que ocorrerá, ao final da ação dramática, o restabelecimento da ordem social. Para a compreensão da atitude da protagonista, procedeu-se a uma discussão, tanto no âmbito moral quanto no literário, do conceito e das conotações do termo discreto na época. A dissertação se divide em três partes. A primeira focaliza aspectos sociais, culturais e históricos da sociedade espanhola do século XVII presentes em El Burlador de Sevilla, atentando para a atitude discreta como um elemento que diferencia Dona Ana das outras personagens femininas da peça. A segunda procura destacar a Filha do Comendador, interpretando-a pela atitude incisiva e mostrando como ela se choca com o perfil de mulher predominante na época, ou seja, aquela que em geral era tratada pelos homens como objeto e apreciada por sua beleza, sua nobreza e seu preparo para o casamento. Já a terceira parte centra-se no relacionamento entre Dona Ana e as personagens masculinas, no que ressalta a questão da representação do querer e do poder, provocando o desencadeamento de uma dupla justiça: a terrena, posta nas mãos do Rei e reafirmada pela atuação do Comendador, e a divina, que acaba por sugerir um ideal de liberdade católico, personificado no Convidado de Pedra. Assim, a protagonista se debaterá entre preceitos relacionados ora a uma justiça dos homens, ora a uma justiça de Deus. As considerações finais amarram essas análises, concluindo pela universalidade da personagem feminina representada por Dona Ana, que é recriada em autores de diversas tradições culturais, bem como de épocas distintas.