Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Mitsunari, Nathália Akemi Sato |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-03082020-204747/
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Resumo: |
O livro didático de língua portuguesa é um símbolo do cotidiano escolar de várias gerações, influenciado por renovações no discurso acadêmico e adaptado a diferentes programas oficiais e tecnologias. É, desse modo, uma importante fonte de recuperação da memória cultural e, enquanto vetor da língua, da cultura e dos valores das classes dirigentes, um importante instrumento político. O objetivo deste trabalho é analisar as formas de apresentação da dissertação, gênero escolar, em duas coleções didáticas de língua portuguesa de 2° grau do início da redemocratização brasileira: Fundamentos de Língua e Literatura (MARTOS; MESQUITA, 1987) e Português: Linguagens (CEREJA; MAGALHÃES, 1990). No período entre o final da ditadura militar e o início da redemocratização, a aula de língua portuguesa era tida por alguns linguistas aplicados como um espaço de promoção da transformação social, e a produção de texto, um elemento didático em prol da cidadania. Com base nas redações dos vestibulandos, foram desenvolvidas diversas teorias que convocavam o aluno a tomar um posicionamento diante de questões sociais em sua escrita, em uma tentativa de se vencer as práticas e as concepções autoritárias. À luz dos conceitos de enunciado concreto (BAKHTIN, 2016; VOLÓCHINOV, 2017) e de discurso alheio (BAKHTIN, 2015; VOLÓCHINOV, 2017) e do modelo ideológico de letramento (STREET, 2014), busca-se uma análise que explicite as consequências da relação entre o trabalho enunciativo e o trabalho interacional na materialidade linguística dessas coleções. Para tanto, os objetivos específicos são: (i) descrever e analisar as formas composicionais, os estilos e os temas das seções dedicadas à dissertação, enunciados concretos; (ii) reconhecer como o discurso alheio é apresentado nessas seções; (iii) interpretar, à luz do modelo ideológico de letramento, com quais efeitos de sentido para o aluno esses discursos alheios são reconstruídos e ressignificados no ensino da dissertação. Em Fundamentos de Língua e Literatura (MARTOS; MESQUITA, 1987), parte-se da literatura e, na gramática e na redação, tem-se categorizações que visam articular pensamento, língua e mundo em uma única relação termo a termo, cujo domínio é sinônimo de escrever bem e pensar bem. O intuito da dissertação é estritamente disciplinar. Já em Português: Linguagens (CEREJA; MAGALHÃES, 1990), a (re)apresentação dos conceitos de argumentação e de parágrafo como objetos de ensino e as propostas de pesquisa e debate revelam a preocupação em se fazer com que o aluno assuma posicionamentos nas produções de texto dissertativo. A inferência de transparência e objetividade nas seções de redação de ambas as coleções indicam, no entanto, que, apesar de tematicamente, haver significativas mudanças, a concepção de língua(gem) que subjaz à escolha e à organização dos objetos de ensino da dissertação privilegia uma atitude grafocêntrica que hierarquiza os estudantes. A dissertação, desse modo, é (re)apresentada como um objeto de distinção (BOURDIEU, 1979), como em décadas anteriores. |