Funcionamento cognitivo, variáveis de uso e critérios diagnósticos do transtorno por uso de cocaína: um estudo envolvendo a correlação entre diferentes medidas de gravidade e suas implicações prognósticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Lima, Danielle Ruiz de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-30012018-113658/
Resumo: INTRODUÇÃO: O transtorno por uso de cocaína (TUC) está associado a alterações de funcionamento cognitivo e a taxas modestas de sucesso no tratamento. O padrão de uso da substância parece influenciar a severidade destas alterações e pode representar um indicador importante na caracterização de gravidade do transtorno. Atualmente, as diretrizes de gravidade baseiam-se na soma de critérios diagnósticos da última versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), porém não se sabe quais os indicadores mais preditivos de alterações cognitivas e qual o impacto destes no prognóstico desta população. OBJETIVO: Este trabalho propôs investigar as associações entre as variáveis de uso de cocaína e a gravidade do transtorno com o funcionamento cognitivo de pacientes internados, e a relação destes indicadores com o prognóstico, três meses após a alta hospitalar. MÉTODOS: A amostra da análise inicial foi composta por 68 pacientes internados com o diagnóstico de TUC e os dados de prognóstico foram obtidos de 65 destes pacientes. As variáveis de interesse foram identificadas por meio da combinação de dados da Structured Clinical Interview (SCID), da Escala de Gravidade de Dependência, 6ª versão (ASI-6) e de prontuários, coletados no início do tratamento. A avaliação do funcionamento cognitivo foi introduzida após a negativação do teste toxicológico de urina. As análises de correlação foram investigadas através dos coeficientes de correlação de Pearson, Spearman e Kendall e para as análises de prognóstico foi utilizado o teste Wilcoxon-Mann-Whitney visando a comparação entre pacientes abstinentes e nãoabstinentes. RESULTADOS: Foram encontradas correlações significantes entre: precocidade do uso e mais erros no Stroop Color-Word Test (SCWT), parte C (P=.005); mais anos de uso de cocaína com pior pontuação em Bateria de Avaliação Frontal (FAB) (P=.017); e mais dias de uso recente com piores desempenhos nos testes Trail Making Test (TMT), parte A (P=.033), SCWT, parte C (P=.007), Dígitos Diretos (P=.034) e Dígitos Indiretos (P=.002). Não foram identificadas associações entre a soma dos critérios e aspectos do funcionamento cognitivo (P >.05). No entanto, na avaliação de prognóstico, o grupo de pacientes abstinentes apresentou menos critérios do DSM quando comparado ao grupo de pacientes não-abstinentes (P=.002). CONCLUSÕES: Uso recente de cocaína (em dias) foi a variável mais preditiva de pior desempenho cognitivo, em termos de velocidade de processamento, controle cognitivo, amplitude da atenção e memória de trabalho. Observou-se também associação entre precocidade e duração do uso com controle inibitório e funcionamento executivo, respectivamente. Por fim, pacientes com maior gravidade de sintomas (segundo o DSM-5) mostraram-se mais suscetíveis à recaída três meses após a alta hospitalar. Considerando a complexidade do fenômeno investigado e a heterogeneidade entre pacientes afetados, a integração de medidas objetivas, tais como dados de padrão de uso e de funcionamento cognitivo, à investigação dos sintomas clínicos deve contribuir para a identificação de subgrupos mais graves e vulneráveis à recaída