Estudo clínico e funcional da atrofia muscular espinhal 5q: história natural e tratamento com nusinersena

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mendonça, Rodrigo de Holanda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-10052023-162255/
Resumo: Introdução: A atrofia muscular espinhal (AME) ligada ao cromossomo 5q relaciona-se a mutações bialélicas no gene SMN1. O número de cópias do gene SMN2 influencia o fenótipo. O Nusinersena, um oligonucleotídeo antisenso, atua modulando a expressão do gene SMN2, e tem se mostrado eficaz em modificar a história natural da AME com poucos efeitos adversos. Entretanto, faltam estudos na população brasileira. Objetivo: avaliar os aspectos clínicos e funcionais de pacientes com AME de acordo com a história natural e em tratamento com nusinersena. Métodos: estudo observacional retrospectivo em que foram incluídos pacientes com AME dos tipos 1, 2 e 3 em tratamento com nusinersena, e pacientes com AME dos tipos 2 e 3 sem tratamento modificador da doença, avaliados através de ganhos de marcos motores, tempo de suporte ventilatório e as escalas motoras The Childrens Hospital of Philadelphia Infant Test of Neuromuscular Disorders (CHOP INTEND) e Hammersmith Functional Motor Scale Expanded (HFMSE). Resultados: foram incluídos 21 pacientes com AME do tipo 1 (52,4% homens) com duração de doença ao início do tratamento de 34,1 (±36,0) meses. O ganho médio na CHOP INTEND foi de 5,9 e 14 pontos após 12 e 24 meses de tratamento, respectivamente. Pacientes com menor tempo de doença e sem uso de ventilação invasiva obtiveram melhor resposta motora, e sete (33,3%) pacientes adquiriram algum marco motor. Foram incluídos 78 pacientes com AME tipos 2 e 3, sendo 30 em tratamento com nusinersena que foram avaliados pela HFMSE, e obtiveram ganho médio de +1,47 (±0,4) e +1,60 (±0,6) pontos após 12 e 24 meses de tratamento, respectivamente. Em comparação, 37 pacientes que não tiveram acesso ao tratamento (grupo controle), foram avaliados pela mesma escala, e apresentaram uma mudança média de -1,71 pontos (±0,02) e -3,93 pontos (±0,55) durante o mesmo período de seguimento. A duração da doença no início do tratamento foi o principal preditor de melhora motora, mas o tratamento não preveniu a progressão da escoliose. Uso de imagem (tomografia computadorizada ou fluoroscopia) foi necessário para realizar punção lombar em nove pacientes com cirurgia prévia de coluna, com baixa incidência de eventos adversos. O seguimento de longo prazo mostrou que 19 (90,5%) pacientes com AME do tipo 1 estavam vivos, e, do ponto de vista motor, mantiveram-se estáveis, sem ganhos de marcos motores adicionais no terceiro e quarto anos de seguimento. Dentre os pacientes com AME dos tipos 2 e 3, vinte e um (70%) permaneceram estáveis ou continuaram a ganhar pontos na HFMSE em quatro anos de seguimento, e nove pacientes (30%) perderam dois ou mais pontos, piora esta associada a escoliose grave ou cirurgia de coluna. Conclusão: Nusinersena modificou a história natural da AME, com efeitos benéficos nas funções motoras e respiratórias nos pacientes com AME do tipo 1, porém pacientes com longo tempo de doença e sob ventilação mecânica invasiva obtiveram menos benefícios. O uso de nusinersena no tratamento da AME de início tardio se mostrou eficaz e seguro, e os pacientes com menor tempo de doença ao início do tratamento demonstraram melhor resposta. Seguimento de longo prazo evidenciou que a escoliose e a cirurgia de coluna relaciona-se com piora funcional nestes pacientes