Polarização de conteúdos científicos odontológicos em mídias digitais: revisão de escopo e estudo qualitativo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ramalho, Ana Maria Jucá Novaes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25145/tde-16102024-094554/
Resumo: A polarização é um processo que ocorre deliberadamente em um grupo de pessoas no qual, após discussões internas, tornam-se propensas a apoiarem opiniões mais extremas. É possível observar os impactos da polarização na ciência e na disseminação de conteúdos em mídias sociais. Entretanto, pouco se sabe sobre o conteúdo científico polarizado em Odontologia encontrado nas mídias sociais, nem mesmo sobre os impactos do seu consumo na população e no exercício profissional. Por isso, o presente estudo objetivou compreender sobre a polarização de conteúdos digitais científicos, especificamente na área da Odontologia. Para isso, foi realizada uma revisão de escopo para definição do arcabouço teórico sobre conteúdo científico polarizado em mídias (artigo 1); e um estudo qualitativo para analisar e caracterizar o conteúdo polarizado de posts sobre flúor publicados nas línguas portuguesa e inglesa no Facebook (artigo 2). Para a realização da revisão de escopo, foi criada uma estratégia de busca relacionada a polarização científica em mídias digitais, que recuperou 3320 referências das bases de dados. Após remoção de duplicatas, verificação dos títulos e resumos e leitura completa de 40 artigos pré-selecionados, 10 artigos foram inclusos nessa revisão. Todos os estudos eram da área da saúde, seja humana ou planetária, sendo publicados entre os anos de 2015 e 2022. Foram destacados como técnicas de polarização da mensagem apresentar somente a visão de um lado, associar a visão oposta com a visão da minoria, enfatizar falhas, uso de declarações assertivas, intensificadores fortes, ceticismo, argumentação com opinião de especialistas, sarcasmo, politização e persuasão. Essas características foram sintetizadas e descritas em um arcabouço teórico para caracterizar conteúdo polarizado em mídias. Já no estudo qualitativo, foram selecionadas 500 postagens sobre flúor em português e inglês (250 para cada idioma) através da plataforma CrowdTangle. As postagens foram categorizadas como polarizadas ou não-polarizadas, e dados como tipo de perfil de autoria e posicionamento quanto ao flúor foram coletados. As postagens assinaladas como polarizadas tiveram seu conteúdo textual segmentado em unidades de análises (frases, n=2132), as quais foram categorizadas no software QDAMiner de acordo com o arcabouço teórico de conteúdo científico polarizado, produzido no estudo anterior. As frequências das categorias, nuvens de palavras, análises de cluster e análises de tópicos foram geradas através do software WordStat; e as análises estatísticas foram realizadas no SPSS 28.0, considerando p<0,05 significativo. A língua inglesa apresentou mais posts polarizados (56,0%) em comparação ao português (17,2%), como também teve maior prevalência de posts contra flúor (47,2%) comparado com a mesma língua (8,8%) (p<0,001). Criticismo prevaleceu no discurso pró flúor em inglês (9,4%), ênfase no contra flúor em inglês (44,0%) e discordância no contra flúor em português (3,9%). A língua portuguesa apresentou maior percentual de conteúdo não polarizado em comparação ao inglês (p<0,001). As distintas características de polarização dos conteúdos pró e contra flúor podem indicar diferentes objetivos comunicativos entre os dois discursos.