Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Carvalho, Renan Villanova Homem de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17147/tde-08012020-111240/
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Resumo: |
Parasitos do gênero Leishmania são os agentes causadores da Leishmaniose, uma importante doença que acomete humanos. Estima-se que mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo estejam infectadas, e que 350 milhões estejam em risco de contrair a doença. A forma mais branda da doença, denominada Leishmaniose cutânea, pode em alguns casos evoluir para uma forma mais grave e devastadora, onde parasitos podem metastizar e atingir os tecidos da naso-faringe, gerando a doença mucocutânea. Para que o fenômeno da metastização aconteça, os parasitos precisam subverter diversas funções do hospedeiro, para que possam se replicar e espalhar eficientemente. Leishmania braziliensis e Leishmania guyanensis são espécies que se encontram variavelmente infectadas pelo vírus de RNA de Leishmania (do inglês LRV), e sua presença correlaciona-se com a forma mais grave da doença. Porém, os mecanismos pelos quais o vírus agrava a Leishmaniose ainda permanecem pouco estudados. O principal tipo celular em que os parasitos replicam é o macrófago, onde modulam diversas vias de sinalização, incluindo aquelas envolvidas na ativação da imunidade inata. Dentre estas, destaca-se o sensor citosólico NLRP3, o qual foi recentemente demonstrado ter papel fundamental no desenvolvimento da infecção por Leishmania. Este sensor de dano celular é capaz de se oligomerizar e ativar uma plataforma citoplasmática denominada inflamassoma, composta por NLRP3, ASC e Caspase-1, que por sua vez pode ser ativada pela via canônica, por meio da geração de espécies reativas de oxigênio e efluxo de K+, principalmente. Por outro lado, a via não-canônica de ativação de NLRP3 acontece pelo reconhecimento de lipopolissacarídeo bacteriano no citoplasma, o qual ativa a enzima caspase-11. Entretanto, ainda não se sabe o papel de caspase-11 no reconhecimento de parasitos, como Leishmania. No presente estudo, nós avaliamos o possível papel do LRV na modulação de receptores da imunidade inata, focando principalmente no NLRP3. Através da análise de aspirados de lesões obtidos de pacientes com Leishmaniose cutânea ou muco-cutânea, observamos que a presença do LRV correlaciona-se com uma maior probabilidade de desenvolvimento da forma mais agressiva da doença, assim como uma menor ativação de moléculas inflamassoma-dependentes, como caspase-1 e IL-1?, sugerindo que o LRV possa interferir na ativação de NLRP3 pelo parasito. Para melhor investigar esta hipótese, geramos um clone LRV negativo a partir da cepa M4147 de Leishmania guyanensis, a qual possui alta carga de LRV. Utilizando uma combinação de experimentos realizados em macrófagos murinos e humanos, descobrimos que o LRV, encontrado dentro de vesículas extracelulares (do inglês, EVs) secretadas pelo parasito, é capaz de se ligar ao receptor TLR3 via sua dupla fita de RNA, o qual recruta TRIF e induz a produção de IFN tipo I. Este, por sua vez, é capaz de ativar células de forma parácrina ou autócrina para induzir a autofagia, que por sua vez degrada componentes do inflamassoma localizados no citoplasma, como NLRP3 e ASC, favorecendo a replicação do parasito in vitro e in vivo. Mais além, demonstramos que o LRV é capaz de inibir a ativação da via não-canônica de NLRP3, interferindo com a ativação de caspase-11 efetuada pelo parasito. Desta forma, sugerimos um mecanismo de evasão desencadeado pelo LRV no contexto da infeção por Leishmania, que favorece o crescimento do parasito e o agravamento da doença, indicando vários alvos moleculares para o tratamento e prevenção da devastadora forma mucocutânea da Leishmaniose. |