Sobre o leito vacilante: mudanças na geomorfologia fluvial em meados do século XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Barros, Luiz Gustavo Meira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-13052015-114236/
Resumo: Um momento chave para o entendimento da evolução da linhagem filogenética da Geomorfologia é o pós-Segunda Guerra Mundial, quando profundas transformações sociais, econômicas e culturais, contribuem para uma nova fase do pensamento científico, mais objetivo e pragmático, e é nesse momento em que a Geomorfologia americana passa por uma quebra de seu paradigma. A construção do conhecimento sobre os processos naturais é antiga e passa por uma série de evoluções ao longo da história, merecendo destaque o estabelecimento dos estudos a partir da revolução científica do século XVII, quando a Geologia começa a ser organizada como um corpo de conhecimento bem definido, e dentro dele, a Geomorfologia aparece como uma importante base de estudos sobre a evolução do relevo. A segunda metade do século XIX é dominada pela influencia de William Moris Davis, que através de seus estudos estabeleceu um modelo de evolução do relevo, denominado de Ciclo Geográfico, dominado por fases de acordo com o grau de transformação provocada pelos rios. Essa teoria, calcada em uma abordagem histórica e geológica, acaba sendo largamente utilizada nos Estados Unidos, Europa Ocidental (exceto Alemanha) e países de língua inglesa em geral. Porém em 1945 é publicado um artigo seminal de Robert E. Horton, que é considerado o ponto de mudança e quebra do paradigma davisiano, ao servir de base para uma série de grupos que desenvolvem uma leitura da Geomorfologia muito mais voltada para a análise de processos, com bases na engenharia e na física, sendo que esse novo enfoque costuma receber o nome de Geomorfologia quantitativa. Dois grupos se destacam nessa transformação, um organizado por Arthur N Strahler, da Universidade de Columbia; e outro constituído por pesquisadores da USGS, unidos pela figura de Luna Leopold. Durante a década de 50 e 60 esses grupos publicaram uma série de artigos e livros que acabam por influenciar os estudos da Geomorfologia fluvial até os dias atuais, buscando a construção de um novo paradigma pós-davisiano, baseado na utilização da linguagem matemática e na formulação de leis, numa clara inspiração nos preceitos do positivismo lógico, inaugurando assim uma nova fase na Geomorfologia, que ainda mantem algumas características estabelecidas nesse período.