A produção de sentidos sobre amamentação no cotidiano de mulheres rurais e suas práticas de aleitamento materno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ferreira, Micheli de Jesus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/83/83131/tde-08122023-164904/
Resumo: Introdução: a área rural, tem suas particularidades, e as mulheres que ali residem têm seus modos de vida regidos por esse ambiente, o que nos permite acessar uma aproximação da realidade e a processualidade do cotidiano delas e entender os modos de vida, de maternar e amamentar próprios. Objetivos: descrever a produção de sentidos de amamentar e o contexto da prática de aleitamento materno entre mulheres moradoras da área rural do município de Palmas, sudoeste do Paraná. Método: pesquisa qualitativa, segundo os pressupostos teóricos metodológicos de Spink, pautados na perspectiva construcionista, com associação da caracterização sociodemográfica, laboral, obstétrica e da prática de amamentar de 24 mulheres e crianças. Os dados de caracterização foram coletados por meio de questionário aplicado e os dados qualitativos obtidos por meio de uma entrevista em profundidade com a questão norteadora que desencadeou os demais assuntos envolvidos. Resultados: As mulheres caracterizam-se, em sua maioria, pela baixa escolaridade, idade entre 26 e 31 anos, cor parda, vivendo com companheiro em famílias naturais com renda de até um salário mínimo. Desenvolvem atividades no domicílio, cuidando da família e da casa, sem inserção formal no mercado de trabalho e sem direito a salário e licença maternidade. As mulheres tiveram acesso ao pré-natal. A prática de aleitamento mostra tempo de Aleitamento Materno Exclusivo 84,7 dias, abaixo do preconizado pelo MS, com introdução precoce de água e chá, com aleitamento materno predominante contanto com apoio das mulheres da família. A análise das práticas discursivas resultou em mapas de associação de ideias de onde emergiram três categorias: aspectos subjetivos de amamentar o que ela (a mulher) pensa e o que ela sente ao amamentaridentidade da mãe se dá ao amamentar; como conduz o aleitamento materno- aspectos pragmáticos e prazer e sacrifício de viver na área rural. A prática de amamentar das mulheres rurais está condicionada ao ambiente onde vivem e aos costumes familiares, crenças e hábitos, encaram o processo de amamentar como algo que beira a naturalidade, normalidade, decorrente do processo gestacional e da condição materna atribuída ao gênero feminino. Conclusões: a prática de amamentar sofre influência das mulheres que se encontram ao lado da nutriz que determinam o tempo de AME e a introdução de outros alimentos, bem como das atividades do cotidiano desenvolvidas por elas. Residem a grandes distâncias dos centros urbanos o que limita a oferta de trabalho, restando a elas a responsabilidade pelas tarefas domésticas e agrícolas que sejam possíveis de se realizar no entorno da casa, como o cuidado de lavoura, animais e horta. O trabalho é invisibilizado, não considerando a participação da mulher como atividade laboral e não resulta em lucros financeiros e sim no próprio consumo familiar. Deste modo, não usufruíram dos incentivos governamentais para promoção e manutenção do aleitamento materno como salário e licença maternidade. No entanto, elas acreditam que viver na área rural é sinônimo de saúde e segurança, tendo como limitações o difícil acesso aos serviços disponíveis nos centros urbanos, como emprego, educação, saneamento básico e saúde.