Tropicalidades múltiplas: as matas, os campos e as viagens naturalistas no século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bailão, André Secchieri
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-16022023-163744/
Resumo: Esta tese pretendeu analisar textos e imagens de viajantes naturalistas estrangeiros que percorreram as florestas, matos e campos tropicais brasileiros ao longo do século XIX - e que hoje damos nomes como Mata Atlântica, floresta amazônica e Cerrado. A pesquisa foi elaborada na intersecção da história das ciências; da história dos viajantes e da História Natural oitocentista; da antropologia das ciências, e das paisagens; e das humanidades ambientais. Em relação aos textos e imagens das expedições naturalistas oitocentistas sobre a chamada \"natureza tropical\", percebemos a produção de tropicalidades múltiplas. Essas ciências foram compreendidas neste trabalho a partir das experiências imersivas em meio às diferentes paisagens, vegetações e climas, que afetavam os viajantes de distintas maneiras, estivessem eles nas matas úmidas ou nos campos dos planaltos centrais. Analiso o conjunto de saberes, práticas e atividades envolvidas nas empreitadas naturalistas e na História natural oitocentista, e suas transformações ao longo do século: os modelos humanistas e científicos; as impressões, sentimentos e emoções; atividades corporais e materiais, como olhares, as escutas, os gestos, os caminhares, e os encontros com seres e fenômenos não humanos; os aprendizados com pessoas locais. Em relação às matas úmidas, houve a elaboração de ideias de natureza tropical intocada, na chave da alteridade total em relação às paisagens temperadas; e também a emergência de ideias de harmonia e de luta entre os seres. Já entre os viajantes que percorreram campos, matos e cerrados dos interiores, suas experiências foram trabalhadas na chave dos contrastes em relação às matas. Os campos pareciam um entre-lugar a meio caminho das matas tropicais e das paisagens europeias. O clima sazonal, as queimadas antropogênicas e a ocupação colonial afetavam diretamente os viajantes, que trataram essas paisagens como profundamente marcadas pela história.