Um futuro de baixo carbono para os setores de aço e cimento no Brasil: avaliação intersetorial sob o olhar da economia circular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Jhonathan Fernandes Torres de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100136/tde-13032023-141950/
Resumo: As indústrias de aço e de cimento se destacam no contexto das mudanças climáticas globais. Elas estão entre os setores produtivos de maior intensidade energética e de difícil atingimento de emissões neutras (net-zero) em dióxido de carbono (CO2), ao mesmo tempo em que apresentam crescimento acelerado, conforme o desenvolvimento de economias emergentes, como é o caso do Brasil. Embora, nos últimos anos, muitos cenários de redução de CO2 tenham sido projetados, separadamente, para estes setores; observa-se ínfima quantidade de estudos que reúnam aço e cimento de forma combinada. Concomitantemente, a economia circular começou a ser recentemente incorporada em cenários de baixo carbono (BC), como forma de estender a análise em termos de cadeia produtiva, e permitir a identificação de novas oportunidades econômicas e ambientais. Diante do compromisso nacional no combate às mudanças climáticas, existe a necessidade de se descarbonizar a produção brasileira de aço e cimento, idealmente por meio de um trajeto de menor custo e que reflita as características técnico-econômicas destes setores no país. Neste contexto, a presente pesquisa teve por objetivo a construção de cenários BC, até 2050, integrando as indústrias de aço e cimento no Brasil sob a égide de cinco estratégias de economia circular. O modelo foi alicerçado em um conjunto de métodos que englobam, entre outros, a econometria, o custo marginal de abatimento (MAC) e o método de Monte Carlo para análise de incerteza. O cenário principal demonstra ser possível reduzir 2,7 GtCO2e no período analisado, 52% das emissões no cenário de referência, por um MAC médio de US$12/tCO2, sem o uso de tecnologias disruptivas e incipientes no contexto brasileiro. A análise de cenários alternativos demonstrou como o potencial de redução e o MAC variam com diferentes pressupostos, e concluiu que a evolução da matriz elétrica nacional possui grande peso sobre os resultados do modelo. O trabalho fomentou a discussão, no âmbito da simbiose industrial, sobre a possibilidade de compartilhamento de créditos de carbono entre o setor de aço, o fornecedor de escória, e o setor de cimento, o qual utilizaria a escória como substituto do clínquer, ajudando na equalização de MAC entre os setores. Também houve discussões a respeito da projeção física de aço e cimento, dos limitantes e barreiras à implementação de cada estratégia, do uso de terra pela estratégia de alto-forno a carvão vegetal, que obteve o maior potencial avaliado, e a respeito das limitações e incertezas do modelo. Os resultados desta pesquisa podem auxiliar na implementação de uma indústria brasileira que concilie o desenvolvimento econômico com a mitigação das mudanças climáticas.