O Dominium Universitário: grupos dirigentes e a sociogênese do espaço acadêmico-científico no Maranhão (1918-1970)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Melo, Hugo Freitas de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-04072022-182907/
Resumo: Este estudo tem por objeto o exame das dinâmicas sociais que mediaram as relações entre Igreja, Estado e mecenato privado através das quais emergiram grupos de intelectuais que presidiram as distintas etapas de formação do Ensino Superior no Maranhão, num intervalo temporal recortado a partir da Primeira República até a instauração da Ditadura Militar. Trata-se de uma investigação sobre os condicionantes estruturais, os mecanismos operacionais e as lógicas de atuação coletivas e individuais que puseram em funcionamento as engrenagens desse espaço intelectual específico, no bojo do qual travaram-se as disputas concorrenciais pelo monopólio da dominação simbólica legítima, as lutas de forças pela imposição dos princípios de afirmação e de legitimação da atividade acadêmico-científica e os embates pelo controle do acesso aos postos docentes e dirigentes das escolas superiores. A partir da aplicação do conceito inédito de dominium social, aqui erigido num diálogo crítico entre as formulações teóricas de Pierre Bourdieu, Max Weber e Norbert Elias, foi possível a arquitetura de três dimensões de análise para tornar compreensíveis as intersecções de práticas e lógicas que tipificam os fenômenos sociais em contextos periféricos sem descurar, no entanto, dos liames estruturais que os enredam às escalas regional, nacional e transnacional. Em primeiro, procedeu-se à sociogênese desse espaço de produção científica sublinhando-se a inflexão paradigmática nos critérios de afirmação e de consagração intelectual como subproduto das lutas de forças entre as frações cultas dominantes pela definição da atividade intelectual por excelência (Capítulo 1). Além disso, examinou-se a mutação das modalidades institucionais da educação superior, salientando-se a estruturação do aparato universitário montado pela Igreja, pautada nos critérios de uma \"ciência em nome de Deus\", até a federalização do sistema universitário nacional (Capítulo 2). Em seguida, com base no método prosopográfico e na elaboração de quadros sinóticos, tratou-se da morfologia dos grupos dirigentes do Ensino Superior, analisando-se estatisticamente os registros sociográficos coletados. Foram explicitados padrões dominantes de carreira socioprofissional relativos aos diplomados em Direito e em Medicina, ressaltando-se, ainda, os perfis sociais dissonantes ilustrativos do autodidatismo e do sacerdócio (Capítulo 3). Por fim, analisou-se a trajetória de quatro casos representativos dos perfis destacados, apreendendo-se a relação entre trunfos, recursos e o patrimônio de disposições individuais mobilizados no acesso às posições consideradas, cujo peso variou conforme a ascensão ou o descenso dos agentes na estrutura dos cargos públicos de poder, revelando-se as estratégias e os repertórios de atuação política e cultural (Capítulo 4). Este estudo evidencia, assim, a dupla face dos modos de dominação, política e simbólica, caracterizada pela homologia estrutural entre as posições de poder político e de poder intelectual, sinalizando-se o aumento da valorização dos capitais simbólico e de socializações em detrimento da fraca institucionalização, da forte interdependência às estruturas de poder e da limitada autonomia do dominium universitário.