Mobilidade social e alongamento da escolarização: um estudo sobre as expectativas educacionais e profissionais nas classes populares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Santos, Marla Andressa de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-04112024-131845/
Resumo: Esta pesquisa de caráter qualitativo trata das mudanças nas expectativas educacionais e profissionais de indivíduos das classes populares que acessaram o Ensino Superior e cujas famílias experimentaram um expressivo aumento de poder aquisitivo decorrente de uma série de políticas econômicas implementadas durante as duas primeiras gestões do Partido dos Trabalhadores em âmbito federal (tais como distribuição de renda, valorização do salário mínimo, acesso ao crédito, aumento de empregos formais e de oportunidades de negócios e trabalho autônomo melhor remunerado) associadas a um período de considerável crescimento econômico do país entre os anos de 2001-2011. Partiu-se da hipótese de que essas mudanças alteraram as expectativas de futuro dos indivíduos das classes populares, sobretudo, suas expectativas quanto a mobilidade social ascendente das novas gerações pela via do alongamento da escolarização e inserção no mercado de trabalho em ocupações hierarquicamente superiores em termos de salários e condições de trabalho. No entanto, as profundas transformações no contexto político e econômico do país no período que se seguiu aos primeiros governos do PT, com um marcado recuo de desenvolvimento econômico e das políticas de combate à pobreza e desigualdade, nos instigou a analisar os processos de adaptação das perspectivas fomentadas nesse grupo social durante a primeira década dos anos 2000. Para tanto, a principal estratégia metodológica utilizada foi a realização de entrevistas em profundidade com um grupo de depoentes moradores de um distrito periférico da capital paulista de idades, gênero, cor/raça/etnia e histórico familiar distintos, selecionados a partir do período de acesso a uma instituição privada de Ensino Superior localizada na mesma região de moradia desses depoentes. O estudo revelou que o acesso ao ensino superior embora tenha promovido avanços no capital cultural das classes populares, sendo crucial para expandir horizontes e redefinir identidades e aspirações desse grupo social no Brasil, mas não foi suficiente para assegurar a mobilidade social plena em razão de um cenário econômico instável e das limitações impostas pela lógica mercadológica que rege grande parte das instituições privadas. Apesar de avanços em termos de escolaridade e aspirações profissionais, a formação recebida mostrou-se, muitas vezes, insuficiente para assegurar posições sociais duradouras e melhorar significativamente as condições econômicas dos entrevistados.