Avaliação e estratégias para a conservação da anta (Tapirus terrestres) em áreas protegidas da Serra do Mar, Mata Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Landis, Mariana Bueno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-10022023-172734/
Resumo: A anta (Tapirus terristris) exerce uma importante função no ecossistema, moldando a estrutura e função da paisagem e do ambiente em que ocorre. Na Mata Atlântica, restam poucas populações consideradas viáveis, devido às diversas pressões antrópicas que as ameaçam. Avaliar o estado de conservação da anta na Serra do Mar, um dos maiores remanescentes florestais do bioma, é essencial para subsidiar políticas e ações de conservação da espécie. Para isso, utilizamos parâmetros populacionais em diferentes níveis de inferência nas estimativas, assim como a pesquisa social para um melhor entendimento das ameaças e oportunidades para a conservação da espécie. No primeiro capítulo buscamos compreender como fatores ambientais e antrópicos influenciam o uso do habitat em cinco Áreas Protegidas da Serra do Mar: Parques Estaduais Turístico do Alto Ribeira (PETAR), Carlos Botelho (PECB) e Serra do Mar (PESM-NSV), Parque Nacional Guaricana (PNG) e Legado das Águas (LA). Utilizamos os modelos de ocupação single season padrão e o modelo alternativo proposto por Royle-Nichols. Variáveis ambientais (distância de corpos de água, altitude e declividade) e antrópicas (distância de borda de floresta e proporção de área antrópica) foram incorporadas na estimativa e modelagem do uso do habitat pela anta. No segundo capítulo, estimamos a densidade e o tamanho populacional das antas no Parque Estadual Carlos Botelho, descrevemos as interações humano-anta e avaliamos os dados sociais e ecológicos de maneira integrada, buscando uma estratégia interdisciplinar para nortear a tomada de decisão para a conservação da espécie. As estimativas de densidade e o tamanho populacional foram obtidas pelo Modelo Espacialmente Explícito de Captura e Recaptura, onde testamos o modelo nulo, modelos com variáveis ambientais e antrópicas e o modelo híbrido com covariável de sexo. Com os dados sociais coletados por meio de entrevistas pessoais realizamos análises descritivas e qualitativas para compreender as principais características dos stakeholders e das interações humano-anta. Os resultados indicaram que as áreas mais preservadas como o PECB, PNG e LA tiveram a maior proporção de uso pela anta, demonstrando sua importância para a conservação da espécie. Encontramos também um efeito da altitude no uso de habitat pela anta à depender da Área Protegida e, a proporção de área antrópica e a declividade, exerceram influência negativa no uso do habitat. O modelo com variação na densidade espacial foi biologicamente mais plausível, sugerindo a diferença na densidade influenciada pela altitude. Estimamos 0,46 e 0,23 indivíduos/km2 para os trechos acima a abaixo de 600m de altitude respectivamente. Identificamos a ocorrência de interações como o consumo de cultivo, a caça e o atropelamento, além de ameaças como o uso de agrotóxicos e a perseguição por cães domésticos. As interações (negativas e positivas) são favorecidas pela disponibilidade de recurso alimentar proveniente dos cultivos. A atitude negativa com relação à espécie foi observada apenas pelas pessoas que tem seu cultivo consumido pela espécie enquanto e as atitudes positivas foram frequentes, sugerindo a aceitação pelas pessoas e a possibilidade de a anta desempenhar o papel de espécie-bandeira na região. As estimativas populacionais (uso do habitat e densidade) proporcionaram um importante diagnóstico do estado de conservação da anta e contribuem para a identificação das regiões e ações prioritárias de manejo. Os dados reforçam a importância do PECB, PNG e LA na manutenção da população de antas na Mata Atlântica e a necessidade de atenção no PETAR, onde a espécie não foi detectada e no PESM-NSV, onde o uso pela espécie foi baixo. Evidenciamos a importância da avaliação interdisciplinar, onde a pesquisa social em conjunto com a pesquisa ecológica contribuiu na definição de estratégias mais específicas para garantir a conservação de espécies ameaçadas e o bem-estar das pessoas que residem no entorno das Áreas Protegidas.