Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Freire, Caio de Castro e |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59139/tde-16022019-164833/
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Resumo: |
Estudos têm mostrado que pode haver um grande distanciamento entre a forma como a sociedade compreende o trabalho da ciência e o modo como esse se realiza. Desse modo, as pessoas, incluindo professores e alunos, têm visões limitadas, ingênuas e confusas sobre o que é a ciência e o conhecimento científico, o que compromete o ensino de ciências. Uma área científica na qual essas discussões podem ser particularmente relevantes é a ecologia, que tem sido historicamente confundida com outros campos. Autores apontam que os professores têm dificuldade de ensinar essa disciplina e que isso pode estar atrelado à falta de compreensão desses profissionais sobre como a ecologia produz conhecimento. Pensando nisso, esse projeto de pesquisa teve como objetivo: identificar como professores compreendem a natureza da ecologia e analisar se e como essas compreensões epistêmicas estão relacionadas a abordagens usadas no ensino dessa disciplina. Para identificar as concepções epistêmicas, elaboramos questionários fechados (do tipo Likert) e abertos e enviamos a 80 professores da educação básica (todos formados em biologia). Tratamos os dados provenientes dos questionários Likert por meio da análise fatorial e análise de agrupamento (cluster) com o auxílio do software R. Com essas análises, validamos estatisticamente os instrumentos e mapeamos perfis de concepções epistêmicas entre os respondentes. Para as questões dissertativas usamos a análise lexical (computacional) do software Alceste complementada por uma análise de conteúdo clássica (manual). Para analisar abordagens usadas no ensino de ecologia, selecionamos, a partir da nossa amostra inicial de respondentes (n=80), duas professoras que demonstraram concepções epistêmicas distintas ao responderem os questionários. Então, por meio de entrevistas e filmagens, caracterizamos o processo de cognição epistêmica dessas professoras ao planejarem uma sequência didática de ecologia e executarem-na com as suas respectivas turmas de alunos. Nossos resultados sugerem que muitos professores possuem uma visão limitada sobre a ciência ecologia, entendendo, por exemplo, que essa ciência não é capaz de produzir conhecimento de modo similar a outras ciências naturais por ela ter uma natureza holística, descritiva, qualitativa e entendendo que o trabalho dos ecólogos é realizar o manejo (e não apenas o estudo) do meio ambiente. Quanto ao ensino de ecologia, muitos professores parecem confundi-lo com educação ambiental. Sobre a relação entre as concepções/cognições epistêmicas das duas professoras investigadas e suas abordagens para ensinar ecologia, percebemos que a professora que mostrou uma cognição epistêmica melhor informada sobre a natureza da ecologia foi aquela que efetivamente executou uma abordagem alinhada com os pressupostos do ensino por investigação, enquanto a outra professora, que demonstrou uma cognição não-informada, não conseguiu implementar uma abordagem de ensino investigativo. A partir dos resultados encontrados, concluímos que os aspectos epistêmicos estudados na presente pesquisa podem realmente configurar-se como obstáculos ao ensino de ecologia e que os cursos de formação de professores de ciências naturais precisam formar profissionais com compreensões epistêmicas mais sofisticadas sobre as ciências que irão ensinar, para que esses sejam mais críticos e reflexivos no momento de planejar, executar e avaliar suas práticas pedagógicas, e possam realmente superar o ensino tradicional e promover abordagens mais significativas e mais condizentes com a alfabetização científica dos alunos. |