Integração regional latino-americana e Educação Popular: uma análise na perspectiva freiriana e de(s)colonial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Cruz, Marcelly Machado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/84/84131/tde-11122023-155530/
Resumo: A integração regional é uma viabilidade histórica e política de consolidação da democracia que objetiva desenvolver e garantir três valores fundamentais, de acordo com o Pensamento Latino-americano para a Integração: autonomia política, desenvolvimento socioeconômico e defesa da natureza. Entretanto, iniciativas latino-americanas de integração regional, baseadas em modelos hegemônicos (institucionalistas e liberais), esbarram na dificuldade de alcançar esse objetivo porque a configuração do sistema-mundo capitalista moderno/colonial naturaliza a desigual distribuição de poder entre Norte e Sul global, entre zona do ser e zona do não ser. O Estado-nação, instituição moderna funcional à colonialidade, é o protagonista dessas iniciativas que privilegiam o âmbito econômico - seja no regionalismo novo e aberto, seja no regionalismo pós-liberal ou pós-hegemônico - e que usualmente excluem os(as) oprimidos(as), sujeitos não-institucionais proibidos de ser, dos espaços de formulação de política regional. Nesta pesquisa interdisciplinar e bibliográfica, interessa-nos investigar as aproximações entre integração regional latino-americana e Educação Popular por uma perspectiva freiriana e de(s)colonial. Objetivamos compreender quais as possíveis contribuições ao debate latino-americano sobre integração regional oferece esta educação, uma vez que ela é ferramenta político-pedagógica para humanização e libertação, e como tais contribuições ampliam o escopo conceitual da integração por meio dos três valores fundamentais de autonomia, desenvolvimento e defesa da natureza. Por isso, tomamos a \"Pedagogia do oprimido\" de Paulo Freire como fonte de pesquisa, da qual outras fontes de Educação Popular são tributárias, sob o esforço crítico de explorar suas contribuições. A Educação Popular freiriana, entendida como opção de(s)colonial, viabiliza a realização de uma crítica radical aos modelos hegemônicos de integração regional. Ela permite não apenas a emergência de um clima dialógico à construção de um horizonte histórico transmoderno, ancorado no diálogo intercultural, na solidariedade subalterna e na cumplicidade subversiva para dignidade humana e justiça social, como também legitima iniciativas alternativas de integração regional que resistem, re-existem e já existem na diferença colonial e democratizam a democracia por meio da cidadania ativa e da participação popular, mas que são ignoradas pela definição moderna dos modelos hegemônica de integração. A integração regional de caráter popular, democrático e progressista é tecida co-labor-ativamente na articulação entre modelos locais, pela relação local e global na dimensão da totalidade.