O canavial como realidade e metáfora: leitura estratégica de trabalho penoso e da dignidade no trabalho dos canavieiros de Cosmópolis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Gomes, Jose Agnaldo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-08092010-124142/
Resumo: Os cortadores de cana-de-açúcar desta tese são os sujeitos de um estudo de caso situado nos canaviais de Cosmópolis, SP. Mas esses canavieiros, cujo trabalho é sinônimo de trabalho penoso, representam também uma Cosmópolis com o significado de cidade-universo. Representam a causa maior de trabalhadores submetidos a um trabalho penoso em busca de sua dignidade humana no trabalho. Não só Cosmópolis, também o produto de seus trabalhadores é realidade e metáfora. A monocultura da cana, que produz açúcar e etanol, é metáfora de doçura e movimento acelerado, de ideologia adocicada e produção acelerada. A aceleração da produção do etanol como produto estratégico e geopolítico é uma das causas principais da penosidade de seu trabalho. Nas estruturas que atravessam o canavial se revela o protótipo das formas hegemônicas e, ao mesmo tempo, patológicas de objetividade e subjetividade da sociedade contemporânea. A questão central dessa tese Como fazer vencer a dignidade no trabalho sobre o trabalho penoso nas condições da nova morfologia do trabalho imposta pelo capitalismo tardio? produziu três voltas pelo canavial. Uma resultou na reconstrução histórica do trabalho no canavial como pressuposto de uma posterior leitura estratégica. Da segunda volta traz narrativas dos canavieiros de hoje. As estruturas que produzem etanol e açúcar têm longa história de exploração entrelaçada com o sofrimento dos canavieiros. Do trabalho penoso incorporado ao novo paradigma de produção, não emergem perspectivas de emancipação ou de ruptura com essas estruturas alienantes dos quais fazem parte. A terceira volta procura, a partir do lugar dos canavieiros de Cosmópolis, fazer considerações estratégicas. Nessa leitura do canavial como realidade e metáfora, a Teoria Crítica serviu como pano de fundo e estrela-guia. Ela me obrigou a pensar a base normativa para a crítica social. O trabalho penoso pode ser criticado a partir dos parâmetros consagrados dos direitos humanos e da dignidade humana, que se encontram em declarações universais e constituições democráticas. O canavial como metáfora e realidade sistêmica não tem exterioridade para saídas. A dignidade deve vencer a penosidade no próprio canavial. O árduo trabalho da desconstrução sistêmica encontra um impulso forte na dor e no desejo. No sofrimento, nos disse Adorno, o especificamente materialista converge com aquilo que é crítico, com a práxis socialmente transformadora