\'Que eu vou na terra dos negros\': circularidades atlânticas e a comunidade brasileira na África

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Silva, Angela Fileno da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-19082011-105508/
Resumo: A primeira geração de brasileiros estabelecida no Golfo do Benim era composta por negreiros, cujas relações tecidas com chefias locais e a manutenção das redes comerciais no Brasil, principalmente na Bahia, haviam lhes rendido ganhos econômicos e de status. Esses indivíduos foram responsáveis constituir as condições necessárias à instalação de uma segunda geração de brasileiros, em muitos aspectos, distinta da anterior. Composta majoritariamente por africanos libertos e seus descendentes, esse grupo começou a descer no litoral ocidental africano a partir de 1835. Vindos principalmente de Salvador, tais ex-cativos transformaram significativamente a composição humana das sociedades costeiras onde se estabeleceram. Como uma comunidade a parte e, no entanto, em permanente diálogo com os contextos em que seus indivíduos estavam inscritos, esses brasileiros de segunda geração foram responsáveis por selecionar e ressignificar os sinais distintivos de seu grupo. O ciclo de homenagens dirigidas ao Senhor do Bonfim é apresentado nessa dissertação como uma das ocasiões em que esse pertencimento à comunidade brasileira é publicamente ativado. Tendo a festa dedicada ao Senhor do Bonfim, o folguedo da burrinha e as canções entoadas em dias de comemoração como eixo temático que permeia esse estudo, procurei relacionar a constituição da identidade brasileira na África como um processo elaborado a partir do contato proporcionado pelo Atlântico. Nesse sentido, procuro entender quais teriam sido os mecanismos de seleção e descarte aplicados a essas comemorações que atravessaram o oceano e, no interior da comunidade, ganharam novos emblemas e adquiriram diferentes significados, constituindo um dos sinais diacríticos de uma identidade brasileira que é, sobretudo, Atlântica.