Sexualidade no transtorno do espectro autista: perspectivas do adolescente, de sua mãe e de seu pai

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Malerba, Victor de Barros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Pai
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-08022021-192641/
Resumo: A prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA) saltou de um caso a cada 2.500 crianças em 1989 para um a cada 91 crianças em 2009, segundo apontam pesquisas. Diante desse quadro preocupante, a Organização das Nações Unidas passou a considerar TEA uma questão de saúde pública mundial. Apesar de não se tratar de uma doença, nem ser contagioso, difunde-se atualmente a ideia de que vivemos uma \"epidemia de autismo\". Diante de tal contexto, autores alertam para a necessidade de se atentar para a disseminação de um retrato caricaturado das pessoas com autismo como sendo \"não-comunicativas e não-interativas\", apontando que existem evidências substanciais de que elas se engajam e respondem a interações sociais. Ainda persiste uma representação estereotipada de que jovens com autismo seriam assexuados/as ou que a sexualidade seria um assunto problemático para esses indivíduos. No âmbito familiar, pais e outros familiares esperam que a sexualidade do/a filho/a com autismo seja domesticada ou que não se manifeste, o que perpetua visões estereotipadas que alimentam preconceitos em relação a esse tema. Até onde foi possível apurar, não existem pesquisas no Brasil que interpelem diretamente jovens com diagnóstico de autismo no que diz respeito à qualidade de seus relacionamentos afetivos e sua sexualidade, âmbitos que constituem parte fundamental da vivência da adolescência e transição para a vida adulta. Este estudo teve por objetivo investigar a vivência da sexualidade em adolescentes com diagnóstico de TEA, na perspectiva deles próprios e de seus pais e mães, examinando suas possíveis demandas, facilidades e desafios. Para tanto, delineamos um estudo qualitativo exploratório, de corte transversal, buscando compreender os sentidos atribuídos às vivências e representações de adolescentes com TEA e seus pais quanto à sexualidade tendo em vista seus aspectos biopsicossociais, principalmente a dimensão psicológica e relacional das experiências. Participaram da pesquisa três adolescentes com TEA, seus pais e suas mães, totalizando nove entrevistados/as, que foram contatados a partir de uma instituição de apoio a pessoas com TEA de uma cidade do interior paulista. Utilizamos roteiros de entrevista semiestruturada para coletar os dados dos adolescentes e seus pais, complementados com o recurso de materialidades mediadoras nas entrevistas conjuntas. As entrevistas foram áudiogravadas mediante anuência dos/as participantes. Os dados foram organizados com a produção de narrativas transferenciais. Com o amparo desse procedimento de pesquisa psicanalítica, buscou-se investigar o modo como se desenvolveu a sexualidade do jovem com TEA dentro de cada unidade familiar, de acordo com as perspectivas de cada membro da tríade adolescente-mãe-pai. A interpretação dos resultados foi alicerçada nos estudos psicanalíticos sobre a clínica do autismo. Foram articulados dois campos de sentido afetivoemocionais denominados \"Terror ao sexual\" e \"Desaparecimento do sujeito autista\", que destacaram o medo como afeto predominante na relação dos pais com a sexualidade do filho com autismo, além do fenômeno intersubjetivo de apagamento/desaparecimento da subjetividade dessas pessoas. Os resultados obtidos contribuem com subsídios para a formulação de políticas públicas e programas de intervenção.