As políticas públicas de educação: adolescentes com trajetórias truncadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Cardoso, Nilton Francisco
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-04072012-100918/
Resumo: Esta tese apresenta os dados e análises de uma pesquisa sobre os efeitos das políticas públicas em educação no município de Belo Horizonte sobre alunos cujas trajetórias foram marcadas pelas mutilações impostas pela pobreza e pelas desigualdades sociais. O problema de pesquisa foi elaborado a partir da constatação da presença de crianças e adolescentes envolvidos com o trabalho infantil e juvenil nas ruas da cidade e como alvo de programas educacionais que visam corrigir fluxos e defasagens na aprendizagem. A pesquisa de campo, de caráter qualitativo, foi realizada entre abril de 2009 e maio de 2010. Nesse período, vários espaços, tempos e atividades de ensino, de socialização e de gestão desenvolvidas na escola e no galpão alugado para que as atividades do Projeto Escola Integrada pudessem ser desenvolvidas foram observados. A coleta de dados se deu ainda por meio de entrevistas semiestruturadas com docentes, agentes culturais, coordenadores, direção da escola, funcionários, pais e alunos do ensino regular e dos projetos educacionais. O roteiro das entrevistas foi organizado com o objetivo de permitir aos sujeitos se expressarem sobre a organização, o funcionamento e a prática docente desenvolvida na escola e nos projetos educacionais. Os dados demonstraram que os espaços escolares eram densamente ocupados, com muitos alunos e atividades. O excesso de alunos e atividades dificultava ou impedia que os objetivos educativos definidos fossem atingidos. O prédio da escola não foi planejado para receber esse excesso. Verificou-se ainda que há uma sobrecarga de tarefas e responsabilidades sobre a direção e a coordenação pedagógica da escola que, somado à falta de tempo docente coletivo, para formação e planejamento, inviabilizam ações capazes de superar os obstáculos. A coordenação se encontra ainda numa situação de indefinição de papel porque as demandas apresentadas pela Secretaria Municipal de Educação, as apresentadas pelos professores e as que surgem no cotidiano escolar entre os educandos são contraditórias. Por esse motivo, as relações no interior da escola e com a secretaria de educação ficavam tensionadas. O esforço docente era individualizado, não construíam acordos e nem combinavam estratégias educativas. Com isso, por mais que os professores dissessem que queriam fazer a diferença na vida escolar dos alunos, o ensino não deixava de ser retalhos da realidade desconectados da totalidade (FREIRE, 2005, p. 65). Os programas que deveriam servir para corrigir as defasagens de aprendizagem dos alunos e lhes oferecer uma educação plena não são universalizados e nem tão pouco são oferecidos de acordo com as condições materiais e pedagógicas necessárias. Dessa forma, as mutilações na vida dos adolescentes continuam se reproduzindo em trajetórias escolares truncadas.