Dimensão subjetiva da desigualdade social e sua expressão no processo de escolarização e o trabalho docente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Nascimento, Adriana Pereira do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-11012022-104858/
Resumo: Esta pesquisa investigou a dimensão subjetiva da desigualdade social e a sua expressão no processo de escolarização e no trabalho docente, por meio das significações de dois professores (ambos estudantes de doutorado da Universidade de São Paulo, oriundos de famílias populares) sobre a educação em uma sociedade estruturalmente desigual que reproduz, em seu cotidiano, diversas formas de violência estrutural. Como síntese de múltiplas determinações, a desigualdade social é um fenômeno complexo que, para além de sua concretude material, possui uma concretude existencial, moral e política que se manifesta objetiva e subjetivamente na vida concreta dos sujeitos. Uma dimensão subjetiva que nos permite analisar esse fenômeno reconhecendo que a presença dos sujeitos e de suas subjetividades são parte constitutivas deste. Nesse sentido, as entrevistas realizadas com os dois profissionais da área de educação, um deles docente na rede privada de ensino e o outro na rede pública, foram direcionadas pelo processo de conversação e realizadas por meio de plataformas virtuais de reuniões, e giraram em torno da história de vida e da vivência escolar e profissional desses sujeitos. Partindo dos pressupostos teóricos e metodológicos do Materialismo Histórico e Dialético que fundamentam a perspectiva Histórico Cultural, foi utilizado o procedimento de construção dos Núcleos de Significação, proposto por Aguiar e Ozella (2006/2013), no âmbito da Psicologia Sócio Histórica, para análise da fala dos sujeitos, buscando os elementos de significação (sentidos e significados) dos professores sobre sua trajetória escolar e profissional, reconhecendo o cruzamento das desigualdades sociais. Considerando que os mecanismos objetivos que determinam e sustentam as relações de classe consolidadas por ideologias dominantes reverberam no campo da educação, buscou-se desmistificar a ideologia do mérito, do sucesso, do êxito entre outros termos utilizados para categorizar os sujeitos com base no habitus de classe e que se constituem na função de ocultar a (re)produção social da desigualdade. A compreensão das significações expressas pela/na fala dos professores participantes da pesquisa, permitiu ampliar a compreensão da desigualdade social, cujos estudos realizados por várias áreas do saber ainda mantêm um enfoque hegemônico em suas expressões objetivas. A análise do conjunto de significações dos professores participante permite concluir que ambos os sujeitos participantes estão envolvidos com o estudar e com o saber e creem no conhecimento/ensino aprendido (na escola e na universidade) como um elemento que os potencializa e permite a busca por maiores possibilidades para suas vidas, mesmo reconhecendo as dificuldades e impedimentos produzidos por uma sociedade e uma educação marcadas pela desigualdade. Desse modo, a dimensão subjetiva da desigualdade social revela uma dinâmica de forças antagônicas existentes entre indivíduo-sociedade que se caracteriza a partir dos conflitos, das contradições e das tensões vivenciadas no contexto social. Ou seja, viver em situações limites de sobrevivência, na precariedade do trabalho, com sentimento de frustração e impotência diante dos desafios da realidade concreta, e, ao mesmo tempo, motivado pelo sentimento de que a educação básica e o ensino superior são condições mínimas que oportunizam a mobilidade social e, a busca pela vitória, pela superação e pela conquista, por vezes até duvidosa, de uma chance de vida mais segura, resultado do esforço empreendido.