Entre pathos pictórico e verbal: do expressionismo na pintura e no romance Angústia, de Graciliano Ramos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Oliveira, Gustavo Maciel de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-19062024-153748/
Resumo: Tomando por base o ferramental teórico da semiótica greimasiana e seus desdobramentos (semiótica tensiva, semiótica das paixões, sociossemiótica, semiótica literária e semiótica plástica), em diálogo com outras áreas do conhecimento, tais como estética, teoria das paixões, História da Arte, a presente tese de doutorado visa realizar uma aproximação entre literatura e pintura, tendo como foco a dimensão passional do discurso em ambas as linguagens e como norte dois objetivos gerais, que se cruzam: primeiro, uma vez que é comum, por parte da fortuna crítica de Graciliano Ramos, ser o romance Angústia chamado de expressionista, o de delimitar as razões da aproximação deste com a pintura representativa desta vanguarda; segundo, o de estabelecer elementos, a partir da aproximação com o romance e do que se entende como expressionismo na pintura, do que se configuraria como um pathos na linguagem pictórica. Nesse desiderato, os conceitos estudados nos objetos em análise são sobretudo os relativos à enunciação (observador, corpo), à figuratividade e à (hiper-)estesia, analisados na obra de Graciliano Ramos em cotejo com a dimensão figurativa e plástica de pinturas de grupos considerados representativos do expressionismo, tais como o Die Brücke, o Der Blaue Reiter, o expressionismo abstrato, ou mesmo de pintores precursores, como Edvard Munch, Vincent Van Gogh e James Ensor. Além da depreensão de um pathos não só a nível enuncivo (discurso da paixão), mas também enunciativo (discurso apaixonado) na pintura, de modo geral, dois perfis, separados somente para fins de clareza, são levantados nessa inquirição conjunta a um pathos pictórico e à obra Angústia: um perfil figurativo, marcado pela exacerbação hiperbólica, patemizada e retorizada das formas (que tendem ao deformado, ao exacerbado, ao horrendo, ao grotesco), o que se dá por conta da visada aspectualizante e passional do ponto de vista inerente tanto ao romance quanto às pinturas estudadas, ponto de vista este sobretudo patemizante e marcado por um pensar plasticizante, pictorizante; e um perfil plástico, caracterizado pela proliferação excessiva de isotopias cromáticas, na obra literária, e pelo uso abundante e extático da cor e do investimento textural nas obras pictóricas. Esses elementos, além de mostrarem que as raízes das convergências entre ambos os objetos estudados são mormente figurativas e tensivo-passionais, ao mesmo tempo definem, em linhas gerais, tanto o porquê de ser atribuída ao romance, que é marcado sobretudo pela passionalidade, uma dimensão pictorizante, expressionista, quanto características gerais do que chamamos pathos pictórico, que coincidiriam com uma maneira, um estilo de enunciar expressionista