A condição de saúde bucal como fator de risco para as complicações precoces do transplante alogênico de células tronco hematopoiéticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Bortolotto, Fernanda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17154/tde-06122021-124241/
Resumo: O transplante alogênico de células tronco hematopoiéticas (TCTH) é um tratamento com potencial curativo para doenças oncohematológicas, falências medulares e doenças autoimunes. As complicações bucais e sistêmicas mais comuns durante a fase inicial do transplante são mucosite, infecção, febre e bacteremia. O objetivo desse trabalho foi avaliar a condição de saúde bucal no pré-TCTH como fator de risco para complicações bucais e sistêmicas durante o período pré-enxertia neutrofílica e para o desenvolvimento de Doença do Enxerto Contra Hospedeiro aguda (DECHa) e óbito até o D+100, em pacientes submetidos ao primeiro TCTH alogênico. Para isso, foi realizado estudo de coorte transversal prospectivo observacional, em pacientes maiores de 12 anos de idade. As variáveis de saúde bucal: higiene oral, perda óssea periodontal, foco infeccioso bucal e o índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPOD) no pré-TCTH foram tratadas como exposição. Idade, sexo, doença de base, compatibilidade do transplante, tipo de condicionamento e a realização de irradiação corporal total (ICT), foram tratados como variáveis de confusão. Os desfechos foram: incidência, grau e duração da mucosite oral (MO), infecção bucal, febre e hemocultura positiva na fase pré-enxertia. Além do desenvolvimento de DECHa e óbito até 100 dias após TCTH. O Risco Relativo (RR) e o Risco Relativo ajustado (modelo múltiplo) foram calculados utilizando o modelo de regressão de Poisson com variância robusta. Foram incluídos 81 pacientes, mediana de 26 anos de idade; 54,3% do sexo masculino e 45,7% do sexo feminino; 48,1% doença de base benigna; 82,7% compatível e 17,3% não compatível; 60,5% dos transplantes envolveram regime de condicionamento de intensidade reduzida ou não-mieloablativo e 39,5% condicionamento mieloablativo; 24,7% realizaram ICT. Na avaliação de saúde bucal, 44,4% dos pacientes apresentaram higiene bucal insatisfatória, 14,8% perda óssea periodontal e 30,9% possuíam foco infeccioso em cavidade bucal; a média geral do CPOD foi de 8,3. A incidência global de MO foi de 58%, e 28,4% dos pacientes apresentou infecção em boca durante o período pré-enxertia. 71,6% desenvolveram febre; 34,6% hemocultura positiva, 22,2% DECHa e 14,8% morreram até o D+100. Nenhuma condição bucal foi fator de risco para MO; a presença de foco infeccioso em boca no pré-TCTH aumentou em 6,86 vezes (IC:2,30-20,47, p=0,00) o risco de infecção em cavidade bucal. A higiene bucal insatisfatória aumentou em 2 vezes o risco de febre (IC:1,45-2,80, p=0,00). A perda óssea periodontal apresentou forte tendência de risco (RR:5,44; IC:0,99-29,8; p=0,05) para o desenvolvimento de DECHa. O modelo simples mostrou a higiene bucal insatisfatória (RR:13,13), a perda óssea periodontal (RR: 2,03) e maior CPOD (RR:1,05), como risco para infecção bucal. Além de apontar a presença de foco infeccioso em boca (RR:1,37) como risco para desenvolvimento de febre. Nenhuma das condições de saúde bucal foi risco para hemocultura positiva e óbito. Podemos concluir que a resolução de focos infecciosos e a otimização da higiene bucal tem potencial papel na redução de infecção em cavidade bucal e na ocorrência de febre, durante o período do condicionamento até a enxertia neutrofílica. A relação entre a atividade de doença periodontal e DECHa deve ser investigada.