Trabalho e território de haitianos na região metropolitana de Belo Horizonte: precariedade e resistência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Barros, Carolyne Reis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-24072017-170154/
Resumo: A migração haitiana para o Brasil ganha destaque após o terremoto de 2010 no Haiti. Estima-se que hoje 55.000 haitianos vivam no Brasil. Esta pesquisa procurou compreender as dimensões psicossociais da migração para os haitianos residentes na Região Metropolitana de Belo Horizonte a partir das categorias trabalho e território. Partiu-se das perspectivas transnacionais e da teoria das redes sociais para produzir reflexões sobre o campo migratório que considerem o sujeito migrante. Em nosso percurso metodológico, a partir da pesquisa-militante, utilizamos a intervenção pesquisante como método de pesquisa, a partir da ideia de pesquisador conversador, e com os instrumentos de entrevista e diário de campo. Além das oito entrevistas, também frequentamos as reuniões da associação dos haitianos de Contagem (Kore Ayisyen) e espaços oficiais que envolvem essa discussão, tais como a rede de acolhimento ao migrante de Belo Horizonte e o Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida, Enfrentamento ao tráfico de pessoas e erradicação do trabalho escravo. A análise dos dados produzidos nesta pesquisa foi realizada também a partir de discussões sobre território e suas possíveis territorialidades e o trabalho e as experiências laborais dos migrantes desde o Haiti. Algumas dimensões psicossociais da migração para os haitianos referem-se à sua condição de vida no Brasil e envolvem as rotas no trajeto para o país, a dificuldade em aprender o idioma, a solidariedade construída na rede social da migração, o suporte social ofertado pelas igrejas, principalmente neopentecostais, e o racismo à brasileira. E como parte das condições, as territorialidades construídas a partir do cotidiano de trabalho, da localização da igreja, da loja que realiza o envio do dinheiro da remessa, da localização do Centro Zanmi imprimem um sentido e revelam outro uso do território. O trabalho relatado nas entrevistas revela que as experiências laborais se constituem como um desperdício da experiência, principalmente pelo trágico descompasso entre a formação e o trabalho que realizam no Brasil. Entre as experiências, a precarização do trabalho informal apresenta-se como o trabalho de entrada no mercado laboral brasileiro e junto com as demais atividades caracterizam o migrante haitiano como parte do precariado. Se há precariedade a partir de várias dimensões tanto no Haiti quando no Brasil, uma precariedade transnacional, há também resistência, que se revela na aposta na educação enquanto futuro, na organização política a partir da associação dos haitianos de Contagem e nos usos e sentidos produzidos no território