Agroecologia e universidade: entre vozes e silenciamentos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Jacob, Luciana Buainain
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-19092011-095643/
Resumo: Nessa pesquisa buscou-se compreender como o ensino superior em Engenharia Agronômica, na atualidade, contribui para a formação de profissionais capazes de compreender a crise sócio-ambiental da modernidade e suas inter-relações com o sistema produtivo atual e, principalmente, capazes de construir soluções e atuar criticamente para a reversão da mesma. Especificamente, buscou-se analisar a abordagem da agroecologia como saber ambiental nos currículos e projetos pedagógicos dos cursos públicos de Engenharia Agronômica do estado de São Paulo. Esta pesquisa configura-se como exploratória; foram utilizados diferentes instrumentos metodológicos, sendo: análise documental e análise de conteúdo para a revisão das disciplinas obrigatórias e optativas do currículo, análise dos projetos pedagógicos dos cursos e identificação de eventos e grupos de extensão relacionados; entrevistas semiestruturadas aos docentes responsáveis pela disciplina de agroecologia ou similar dentro de cada curso; e questionário estruturado aplicado aos coordenadores de curso, com o objetivo de captar a abordagem institucional da agroecologia nos cursos. Há, por um lado, um discurso institucional de que agroecologia é importante para a formação profissional e, por isso, as instituições de ensino têm incluído este enfoque em seus currículos. Por outro lado, ao dirigirmos o olhar para as atividades acadêmicas principais que constituem a trajetória do estudante de Engenharia Agronômica, detectamos que o discurso institucional nem sempre corresponde à realidade cotidiana do espaço universitário. Há sussurros sobre agroecologia nos currículos, mas claramente os cursos estão muito mais densamente voltados para a reprodução de um modelo de desenvolvimento da agricultura que, a despeito dos sérios problemas sócioambientais por ele gerados, continua a ser alimentado pelas instituições de ensino superior na área de Ciências Agrárias. Entretanto, mesmo contracorrente e numericamente pouco expressivas, há iniciativas bem fundamentadas em torno da área de agroecologia e de áreas direta ou indiretamente relacionadas a ela. O desafio para a inclusão do enfoque agroecológico na formação dos Engenheiros Agrônomos é duplo: tanto promover uma mudança epistemológica dos conceitos tratados quanto uma mudança metodológica, impulsionada pela natureza complexa destes mesmos conceitos. As vozes que ousam aparecer em meio ao silenciamento de grande parte da universidade frente às complexas questões sócio-ambientais da agricultura são vozes que podem reverberar e impulsionar processos de não rendição ao que se aceita como inexoravelmente proposto; essas vozes ganham corpo quando aliadas a outros movimentos e dinâmicas semelhantes em diferentes esferas que transcendem a formação superior, porque a luta pela construção de uma nova racionalidade, no final das contas, é uma só.