Necessidades educacionais de profissionais da estratégia saúde da família no atendimento às demências

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Costa, Gislaine Desani da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-11122019-164726/
Resumo: Introdução: Observa-se mundialmente o aumento progressivo do número de idosos, como resultado da melhoria das condições de vida das populações e dos avanços tecnológicos na área da saúde. Esse processo tem ocasionado alterações nos perfis de morbimortalidade, com aumento de doenças crônico-degenerativas, dentre elas as demências. Cuidar de pessoas com demência representa uma sobrecarga para as famílias. O reconhecimento dos sintomas da doença pode diminuir a tensão decorrente do cuidado e contribuir para a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. Objetivo: Analisar as necessidades educacionais de médicos e enfermeiros da Estratégia Saúde da Família no atendimento às demências. Seus objetivos específicos foram: 1) avaliar a confiabilidade do instrumento Atenção Sanitária às Demências: a visão da Atenção Básica, nas versões para médicos e enfermeiros, por meio da estabilidade dos itens (teste-reteste); 2) identificar o conhecimento e as atitudes desses profissionais em relação a rastreamento, diagnóstico, tratamento e acompanhamento das demências; 3) identificar suas necessidades educacionais no atendimento às demências e 4) elaborar uma proposta de capacitação em demência para as equipes da Estratégia Saúde da Família, no âmbito da Atenção Básica. Método: Estudo transversal, prospectivo e correlacional realizado em Unidades Básicas de Saúde da Estratégia Saúde da Família, pertencentes às Coordenadorias Regionais de Saúde Oeste, Centro, Sudeste e Norte do município de São Paulo. A população foi composta por médicos e enfermeiros atuantes em tais Unidades e a amostra para ambas as categorias profissionais foi estimada em 122 para o teste e 61 para o reteste. A coleta de dados foi realizada por meio da autoaplicação do instrumento pelos profissionais, no período de fevereiro a julho de 2018. A etapa de reteste ocorreu no 14° dia após a primeira aplicação. As respostas referentes ao conhecimento dos profissionais em demência e suas práticas foram analisadas por meio de estatística descritiva. Os resultados do teste-reteste foram analisados pelos Coeficientes de Correlação Intraclasse (variáveis numéricas) e Kappa de Cohen (variáveis categóricas). O nível de significância adotado para este estudo foi de 5%. Todos os cuidados éticos foram observados. Resultados: Participaram da etapa de teste 195 médicos e 274 enfermeiros, e do reteste, 87 médicos e 132 enfermeiros, com idades entre 25 e 68 anos, média de 43,9 e mediana de 34,0 anos para os médicos, e entre 26 a 65 anos, média de 39,2 e mediana de 37,5 anos, para os enfermeiros. Os resultados da análise de confiabilidade do instrumento revelaram que 86,0% de seus itens possuem estabilidade entre forte e quase perfeita/alta; 13,3%, moderada e 0,7%, regular. Quanto ao conhecimento dos profissionais sobre as demências, 64,1% dos médicos referiram realizar diagnóstico da doença de forma rotineira, 56,9% já na fase moderada, 89,2% sinalizaram dificuldades para identificar um caso da doença, 94,9% elencaram dificuldades para o tratamento e o acompanhamento dos pacientes com a doença; 84,6% dos médicos e 79,2% dos enfermeiros mencionaram dificuldades no acompanhamento de pacientes com demência grave e 62,6% dos médicos e 54,4% dos enfermeiros sinalizaram nunca ter participado de atividades de capacitação específica sobre demência. Conclusão: Os resultados da confiabilidade do instrumento permitem recomendar seu uso para identificar necessidades educacionais de médicos e enfermeiros da Atenção Básica no acompanhamento das demências. Foram identificadas lacunas no conhecimento relacionadas ao processo de rastreamento e diagnóstico das demências; acompanhamento dos pacientes, principalmente na forma grave da doença; manejo de drogas específicas; informação diagnóstica ao paciente e às famílias e suporte ao cuidador. Elaborou-se uma proposta de capacitação em demência visando à incorporação desses conhecimentos à prática profissional de médicos e enfermeiros da Estratégia Saúde da Família.