Crenças sobre a origem dos bebês em crianças de 4 a 9 anos: uma abordagem a partir da psicogênese piagetiana e da psicanálise freudiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Garbarino, Mariana Ines
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-08112012-150511/
Resumo: A questão da origem dos bebês constitui uma das perguntas mais antigas da humanidade e um enigma existencial que, desde cedo, interessa às crianças. O tema foi abordado, com distintos focos, por dois dos autores mais relevantes da psicologia: Jean Piaget e Sigmund Freud. Ambas as perspectivas abordam a manifestação da curiosidade sexual infantil e suas perguntas sobre a origem dos bebês como fundadoras de um vínculo particular com o conhecimento. A presente pesquisa tem como objetivo geral investigar as formas e elementos comuns das crenças sobre a origem dos bebês em crianças de 4 a 9 anos por constituir um período de passagem para ambas as teorias. Para a psicogênese piagetiana, contempla a transição entre o pensamento pré-operatório e o operatório concreto. No contexto do desenvolvimento psicossexual postulado pela teoria psicanalítica, esse período considera a passagem da fase fálica ao período da latência. A partir da hipótese de uma possível articulação entre ambos os corpos teóricos, o estudo se propõe explicar e analisar a construção dessas crenças. Para isso, 80 crianças da cidade de Campinas, SP, entre 4 e 9 anos participaram de uma entrevista individual elaborada a partir do método clínico piagetiano. O procedimento incluiu um questionário semi-estruturado e seis pranchas com ilustrações de contos de fadas e personagens infantis, usadas como recurso provocador. As perguntas contemplaram, entre outros eixos temáticos, a fecundação, a alimentação intra-uterina, o nascimento e as diferenças sexuais. Os dados coletados foram organizados em dois grupos etários: de 4 a 6 e de 7 a 9 anos. Para analisar as crenças foram levados em conta os aspectos cognitivos e afetivos postulados por Piaget para explicar a construção pré-operatória e operatória do conhecimento. Foram considerados conceitos como egocentrismo e descentração, os estágios do artificialismo e as conseqüências que o vínculo das crianças com seus pais trazem para a qualidade do conhecimento construído. Na perspectiva da psicanálise, foram especialmente considerados os conceitos: teorias sexuais infantis, processos primários e secundários, complexo de Édipo e pulsão de saber. Conseguiu-se detectar diferenças qualitativas significativas entre as crenças das crianças mais novas e das mais velhas, o que confirma a progressão genética da organização mental postulada por Piaget e o desenvolvimento psicossexual teorizado por Freud. A comparação das crenças mostra, em linhas gerais, uma progressão: do concreto (dados perceptivos) ao abstrato, do subjetivo ao objetivo, do egocêntrico ao descentrado e coordenado, e do difuso ao mais preciso. Os resultados contribuem para a discussão acerca da pertinência do diálogo entre conceitos piagetianos e freudianos para melhor compreender a construção do conhecimento sobre a origem dos bebês e a interação de aspectos cognitivos e afetivos no desenvolvimento infantil em geral