Qualidade e segurança do arroz brasileiro: avaliação de arsênio total e inorgânico em diferentes locais, cultivares e sistemas de cultivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Kato, Lilian Seiko
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
NAA
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/64/64135/tde-19112021-103307/
Resumo: O arroz é um alimento básico para metade da população global e o Brasil está entre os maiores produtores e consumidores do grão. Preocupações com a segurança do arroz têm surgido, devido à sua elevada capacidade de acumular As, considerado um dos elementos químicos mais tóxicos. Grãos de arroz apresentam As predominantemente nas formas inorgânicas (As-i) de maior toxicidade. Estudos de monitoramento de As em arroz têm sido realizados, especialmente onde os solos apresentam elevado nível de As e/ou o consumo do cereal é grande. Este trabalho teve como objetivo investigar a ocorrência de As e As-i em arroz produzido no território brasileiro, abrangendo os sistemas produtivos irrigado e de sequeiro e diferentes cultivares. Além disso, há também preocupação mundial com a presença de Cd no arroz, uma vez que o elemento apresenta potencial tóxico similar. Outros elementos químicos foram igualmente determinados, permitindo aplicação de quimiometria para avaliar interações com As. Amostras de arroz foram coletadas em produtores de arroz certificado, a fim de garantir a origem em relação a cultivar, local e sistema de produção. Para a quantificação dos elementos químicos, foram utilizadas análise por ativação neutrônica (NAA) e espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS). Para especiação de As, empregaram-se métodos de extração com digestão ácida e separação por cromatografia líquida de alta resolução (HPLC), seguidos de detecção por ICP-MS. O As total no arroz integral variou em duas ordens de magnitude (<2,6 µg/kg a 628 µg/kg), sendo que as amostras de arroz de sequeiro do Mato Grosso apresentaram as menores frações de massa, enquanto oito amostras de arroz irrigado, do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, apresentaram As total acima do limite máximo da ANVISA (300 µg/kg). O As-i no arroz irrigado variou de 68 µg/kg a 174 µg/kg. Cd variou entre 2,9 µg/kg e 44 µg/kg, resultados bem abaixo do limite máximo de 400 µg/kg estabelecido pela ANVISA. Não houve diferença significativa para As (p>0,05) entre grãos de diferentes cultivares. A alta variabilidade (%RSD) dentro de uma mesma cultivar sugere influência do local de cultivo na concentração desse elemento no arroz. Averiguadas as situações em que houve maior incidência de As, foi efetuado estudo de campo buscando investigar as possíveis causas. Para tanto, amostras de solos, folhas e grãos foram coletadas em 10 pontos, determinando-se o fator de transferência (FT) de As no sistema solo planta grão. O As nos solos variou de 1,44 mg/kg a 9,41 mg/kg e nas folhas, de 0,15 mg/kg a 2,85 mg/kg. Os pontos amostrais com mais As no solo não necessariamente foram os que mais apresentaram As na planta ou nos grãos, indicando diferenças na biodisponibilidade do elemento nos solos estudados. Cultivares iguais em locais diferentes apresentaram FTsolo/planta bastante variáveis entre si, o que indica pouca similaridade na absorção de As pelas plantas da mesma cultivar. Houve pequena variação no FTplanta/grão, independente da concentração de As na planta, o que sugere um mecanismo de retenção do As absorvido, não transferindo para os grãos